O desenvolvimento do mercado de mobilidade corporativa ainda enfrenta, por parte das empresas, alguns desafios importantes. Um dos primeiros desafios é justamente como dar o primeiro passo em relação à mobilidade. As soluções que permitirão a uma determinada empresa tirar benefício do mundo móvel, seja no desenvolvimento de aplicativos para a mobilização dos processos internos da própria companhia (automação de força de vendas, aplicativos de workflow, plataformas de business intelligence, acesso a dados e VPN etc) ou no desenvolvimento de aplicativos para o consumidor final.
Uma das discussões do Fórum Mobile Plus, que acontece esta semana em São Paulo e é organizado pela Converge Comunicações, que edita este noticiário, é justamente de que forma as empresas partem para mobilidade. Uma possibilidade é buscar parceiros específicos da área. São empresas integradoras e desenvolvedores de plataformas e soluções específicas para mobilidade. A outra é buscar, junto aos fornecedores tradicionais de sistemas de TI, plataformas que permitam migrar os sistemas tradicionais para a mobilidade.
Para Silvio Etges, gerente de produto da Teclógica (desenvolvedora de soluções corporativas), um ponto de preocupação é afinar onde a mobilidade se encaixa na estratégia de negócio de cada empresa. "Não é porque está na moda ou porque a primeira vista faz sentido que alguém deve migrar para o ambiente móvel. Qualquer iniciativa tem que dar retorno", disse Etges. Ele lembra que aplicações móveis dependem de uma série de variáveis que vão além das variáveis tradicionais de TI, como tempo e consumo de bateria, ciclo de vida dos dispositivos, disponibilidade limitada de sinal das operadoras entre outros.
João Moretti, diretor geral da MobilePeople (desenvolvedoras de aplicações móveis), acredita que qualquer processo de migração para plataformas mobile acontece de forma mais simples se for feita em parceria com empresas da área. "É muito complicado fazer mobilidade, por isso tem tanta empresa de ERP (sistemas de gestão empresarial) comprando empresas de mobilidade. São diferentes sistemas operacionais, diferentes dispositivos, é um outro ambiente", diz.
Não é a proposta da SAP, por exemplo, que cada vez mais aposta na migração de seus sistemas tradicionais de TI para interfaces e plataformas móveis. Para Marcelo Fernandes, gerente de marketing de soluções móveis da SAP, hoje é possível desenvolver projetos altamente customizados para grandes clientes, em que os sistemas são todos desenhados de modo a se ajustarem à realidade das empresas (a SAP tem cerca de 1,1 clientes globais com esse tipo de contrato), até adquirir soluções simples,de prateleira, que podem ser comprados nas lojas de aplicativos e que dão a pequenas e médias empresas algumas opções mais simples, mas funcionais, de "mobilização" (passar aplicações corporativas para o ambiente móvel).
Para Jeferson Baggio, gerente de produtos e serviços corporativos da Nextel, utilizar plataformas mobile para otimizar produtividade das empresas ainda é uma vantagem competitiva importante, já que não são muitas as que decidiram migrar parte de suas plataformas para o ambiente móvel. "Mas a adoção destas tecnologias é uma evolução natural, e logo mais e mais empresas estarão no ambiente móvel", diz.
Eduardo Arruda, diretor de desenvolvimento de negócios da Trevisan Tecnologia, conta que um cliente da empresa chegou à conclusão de que de todos os seus processos, 72 deles poderiam ser beneficiados se migrassem para interfaces móveis. "Isso é um pesadelo para quem ter que decidir qual é a prioridade. E essa análise precisa ser científica, caso contrário a empresa vai passar mais tempo migrando seus sistemas para plataformas móveis do que se dedicando ao seu negócio principal".
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