Os investimentos em tecnologia da informação no Brasil, incluindo os gastos dos usuários finais e de empresas, devem totalizar US$ 143,8 bilhões neste ano, cifra 10,1% superior aos US$ 130,6 bilhões registrados em 2010, de acordo com estudo do Gartner. A consultoria observa, porém, que aproximadamente metade deste valor será proveniente do mercado corporativo. Até 2014, ela projeta que os gastos totais com tecnologia no país chegarão a US$ 173,6 bilhões, o que, se confirmado, representará a uma expansão anual de 9,9% na comparação com este ano.
Na avalaição do vice-presidente e chefe global de pesquisas do Gartner, Peter Sondergaard, o crescimento dos gastos com tecnologia no Brasil será superior ao da Europa, Estados Unidos e Japão. Ele ressalta que o Brasil é o país que vem apresentando a expansão mais acelerada depois de China e Índia. O analista frisa que o mercado interno brasileiro está bastante aquecido e foi menos afetado pela crise financeira mundial do que outros países. Outro fator decisivo para o desempenho favorável do Brasil, citado por ele, está no fato de as empresas terem entendido que o investimento em tecnologia é um quesito crucial para os negócios.
O Gartner destacou que globalmente os dois principais impulsionadores dos investimentos em tecnologia serão os segmentos de tablets e de mobilidade e aplicativos móveis. Estimativas da consultoria apontam que o número de tablets vendidos registrará um salto expressivo de praticamente 46 vezes entre 2010 e 2016, saltando de 20 milhões de unidades para 918 milhões de equipamentos.
A consultoria também prevê é que o volume de sistemas operacionais para dispositivos móveis – como para smartphones e tablets – ultrapassará o de sistemas operacionais para PCs até 2014. Essa expansão será liderada principalmente pelo Android, do Google, e iOS, da Apple. Sondergaard observa que os tablets e aplicativos móveis impactarão fortemente o ambiente corporativo, com seu ecossistema alterando de maneira drástica a atuação dos CIOs.
David Cearley, vice-presidente de pesquisas do Gartner, avalia que os aplicativos móveis não se resumirão apenas às lojas criadas por fabricantes de celulares e de sistemas operacionais, mas passarão a fazer parte das estratégias de negócios das empresas. A expectativa da consultoria é que até 2014 boa parte das lojas de aplicativos serão corporativas.
Diante de todo esse cenário, afetado também pela chamada consumerização de TI – incorporação de novas tecnologias ao ambiente de trabalho puxada por pressão dos funcionários e também pelo uso crescente de mídias sociais –, o Gartner diz que os CIOs perderão gradativamente o controle dos gastos com TI e até 2014 essa parcela de perda deve atingir 25%. "O CIO passará cada vez mais a ser o gestor, e a decisão dos gastos com TI ficará mais a cargo das áreas de negócios", comentau Sondergaard. As redes sociais também afetarão drasticamente o repasse de verbas dentro das corporações e a previsão do analista é que até 2017 a área de marketing das empresas receberá o maior volume de recursos para investir em tecnologia do que os CIOs.