Papel social da Inteligência Artificial é tornar visíveis os profissionais invisíveis para o mercado

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O Brasil vive um momento preocupante de crescimento do desemprego, muito impactado pela crise econômica resultante da pandemia, que já se arrasta por quase um ano e meio.  

Contrastando com os números desanimadores de desempregados, em determinados setores – que não foram negativamente afetados pela pandemia, ou até cresceram neste período – a dificuldade em encontrar mão de obra adequada às necessidades vem sendo um entrave para um maior crescimento.  

Mas se há tanta mão de obra disponível no Brasil, e uma grande demanda a ser suprida, por que há tanta dificuldade em se efetivar contratações?  

O senso comum diria que a ausência de mão de obra preparada para postos que exigem profissionais qualificados é o problema. Isso é verdade, mas não é só isso. À frente de uma empresa de tecnologia que oferece soluções para gestão e recrutamento de pessoas por meio de Inteligência Artificial, nos deparamos, na maioria das empresas que visitamos, com uma enorme dificuldade em conduzir processos seletivos em razão do enorme volume de currículos aplicados.  

A maioria já usa o apoio de tecnologias, mas que contam com parâmetros básicos e pouco inteligentes para a filtragem de perfis, o que acaba criando distorções e eliminando dos processos seletivos a grande maioria dos candidatos (em alguns casos, 98% deles), que sequer têm seus currículos analisados. Nessa grande massa de perfis, muito provavelmente estava a pessoa certa para o cargo.  

Ou seja, estamos tratando com um grande número de profissionais "invisíveis", deixados de lado pelo mercado de trabalho por seus currículos não atenderem aos parâmetros das ferramentas de contratação atualmente usadas. Pessoas que, por não serem vistas, podem simplesmente desistir de buscar um trabalho, entrando para as estatísticas de desalentados.  

Essa distorção também gera impactos no futuro do negócio e dos próprios profissionais contratados. Pesquisa feita em 2018 e apresentada no livro "É possível se reinventar e integrar a vida pessoal e profissional" mostrou que 90% dos brasileiros ativos se dizem infelizes em seus trabalhos.  

Outro levantamento, feito em 2017 pela Universidade de Chicago, apontou que 85% das pessoas economicamente ativas nos EUA estavam dispostas a mudar de trabalho. A conclusão não pode ser diferente: as empresas estão contratando as pessoas erradas para as suas posições (ou inadequadas para a cultura organizacional), a ponto de não engajá-las.  

A experiência de trabalho em uma companhia depende da cultura e do ambiente organizacional. As organizações bem-sucedidas apresentam em comum uma cultura clara, bem definida, que inspira os colaboradores e norteia as ações do dia a dia.  

Felizmente, a verdadeira Inteligência Artificial já está presente em algumas empresas com processos de Recursos Humanos mais maduros e vem possibilitando a elas analisar todos os candidatos com critérios matemáticos justos e transparentes. O tradicional Massachussets Institute of Technology (MIT) define IA como quando as máquinas possuem habilidades cognitivas de aprender por meio de experiências anteriores, e a partir disso, começam a sugerir soluções e resolver problemas. Com este tipo de tecnologia em ação, as pessoas, e somente elas, são colocadas em primeiro lugar.  

Não tenho dúvidas de que a Inteligência Artificial crescerá muito e terá, a partir de agora, um importante papel social quando aplicada ao processo de contratação e gestão de pessoas. Ela tem o potencial de tornar estes profissionais invisíveis em visíveis para o mercado, reduzindo o "gap" que existe entre o número de desempregados e as oportunidades não preenchidas nas empresas.  

O resultado será a diminuição do desemprego e um mercado de trabalho mais justo, sem preconceitos e vieses nas escolhas de profissionais, e com oportunidade para todos nos processos de contratação. 

Tiago Machado, CEO da Rocketmat.

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