Sony Ericsson supera Motorola; perspectiva para celulares é ruim

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As vendas mundiais de telefones celulares para usuários finais atingiram mais de 309 milhões de unidades no terceiro trimestre, um aumento 6% na comparação com o mesmo período de 2007, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira, 25, pelo Gartner. O crescimento voltou a cair para um dígito e representa menos da metade da taxa de crescimento de 16% registrada em igual trimestre do ano passado. E esse declínio, resultado da desaceleração da economia global, tem desencadeado uma batalha feroz entre as três principais rivais – Sony Ericsson, Motorola e LG – pela terceira posição no mercado mundial de celulares, e que no terceiro trimestre assistiu a Sony Ericsson emergir como a vencedora, segundo informou Carolina Milanesi, diretora de pesquisa para dispositivos móveis do Gartner.
A liderança do mercado continuou com a Nokia, que vendeu 118 milhões de celulares no trimestre, embora tenha sido o primeiro período do ano em que a fabricante finlandesa sentiu os efeitos negativos da atual conjuntura econômica. O baixo índice de troca de aparelhos nos mercados maduros e emergentes teve impacto significativo nas vendas da empresa, que sofreu também os efeitos do surgimento dos chamados "dispositivos convergidos". Contudo, analistas acreditam que a Nokia deve ser capaz de melhorar a sua participação no mercado no quarto trimestre com a chegada de seus novos aparelhos ao mercado e o período de festas de fim de ano, o que deve contribuir para o aumento global das vendas. Segundo eles, a fabricante continua bem posicionada para fazer face às atuais condições do mercado.
Já a Samsung, segunda maior fabricante de celulares do mundo, teve um forte terceiro trimestre, com um aumento de 26,3% nas vendas na comparação com o mesmo período de 2007. A fabricante sul-coreana continuou a tirar partido da popularidade de seus dispositivos sensíveis ao toque (touch screen) – modelos Tocco e Omnia –, assim como de seu rico portfólio de dispositivos móveis para o mercado médio. As fortes vendas também foram resultado da "queima" de estoques a partir do segundo trimestre. "A Samsung está bem posicionada para o restante de 2008", disse Carolina. "Embora os produtos high-end estejam sob muita pressão, a vantagem da Samsung é que seus produtos parecem oferecer uma melhor relação custo-benefício do que de seus concorrentes."
A ascensão da Sony Ericsson para a terceira posição no trimestre teve mais a ver com problemas enfrentados pela Motorola e a LG do que com a capacidade da fabricante de "virar" seu negócio após alguns trimestres difíceis. A Sony Ericsson continuou a sofrer com a desaceleração do segmento de aparelhos high-end, bem como com a diminuição do ciclo de substituição de celulares na Europa. Apesar de uma estratégia de preço agressiva na Europa, Oriente Médio e África (região chamada de EMEA), a Sony Ericsson reforçou eu estoque na região da Ásia-Pacífico durante o trimestre, o que reduziu a lacuna em relação à Motorola. Houve relatos de escassez de componentes para o modelo Xperia X1, dispositivo touch screen baseado no Windows Mobile, por isso as vendas não foram maiores. Além disso, novos produtos como o Walkman W705, adicionado ao seu já abarrotado portfólio, não foi suficiente para ganhar mais clientes.
Portfólio pobre
A perda de posição da Motorola para a Samsung foi resultado de um trimestre ruim, no qual as vendas caíram para 24,6 milhões de unidades. Com o seu portfólio continuou muito fraco, a fabricante acabou abrindo a guarda para a rival. "O ambiente econômico é particularmente difícil para a Motorola, pois a sua falta de produtos competitivos e a política de preços agressiva dos concorrentes não permitiram que ela agradasse os acionistas", disse Carolina. "Esperávamos que empresa pudesse continuar bem em 2009, mas não deixa de causar perplexidade os anúncios recentes do Aura, um dispositivo de US$ 2 mil, que parece ignorar totalmente a dinâmica do mercado atual."
A LG, ao contrário, conseguiu manter seu portfólio bem posicionado para se beneficiar da sazonalidade no quarto trimestre, com seu preço é mais adaptado à atual conjuntura econômica. A fabricante foi capaz de queimar alguns estoques acumulados no segundo trimestre, o que fez com que as vendas para usuários finais chegasse a 24,1 milhões de unidades. Contudo, as vendas foram afetas negativamente pela perda de um contrato-chave na Índia, onde a LG tem uma significativa participação de mercado. Somaram se a isso a queda nas vendas na Europa Ocidental, América do Norte e a "fraqueza" dos mercados emergentes.
Expectativa frustrada
Mas todos os olhos estavam sobre o desempenho da Apple no trimestre que posicionou-se de maneira ameaçadora com o roll-out do iPhone 3G de seis para 51 países. Contudo, segundo o Gartner, a empresa conseguiu vender pouco mais de 2 milhões de unidades. "A Apple foi capaz de voltar ao top ten do ranking, ocupando a sétima colocação, ficando pouco abaixo da RIM. Esperamos que as vendas durante o quarto trimestre já reflitam essa expansão, mas levando em conta, sobretudo, a atual conjuntura econômica ", disse Carolina.
Segundo ela, a combinação vendas mais baixas do que o previsto no terceiro trimestre, a disponibilidade limitada de dispositivos-chave e uma falta geral de produtos deve fazer com que o crescimento anual do mercado de celulares fique em torno de 8% neste ano. "É demasiado cedo para dizer quanto tempo o clima econômico terá um impacto no mercado de dispositivos móveis, mas esperamos que as condições não piorem ao menos até o primeiro semestre de 2009", ressaltou Carolina, ao prever que as vendas no ano que vem devem apresentar um fraco crescimento, de apenas um dígito.

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