Fraudes no ambiente empresarial estão tornando-se cada vez mais sofisticadas. Um dos golpes que mais crescem, por sua eficácia e impacto devastador, é a falsificação de domínios de e-mails com a intenção de se passar por uma empresa. Trata-se de um esquema engenhoso, no qual os criminosos utilizam domínios de e-mail falsos para realizar pedidos de compra com pagamento a prazo, em nome de empresas respeitadas, com bom crédito no mercado.
A prática pode afetar empresas de todos os portes, explorando a confiança natural que existe nas transações comerciais. Os prejuízos são significativos e afetam não apenas a parte financeira, mas também a integridade reputacional da vítima. Neste contexto, é essencial que as companhias estejam devidamente informadas sobre os riscos e as medidas preventivas que podem ser adotadas.
Tudo começa com a criação de um domínio de e-mail falso, que imita ou simula o de uma empresa legítima. Pequenas alterações no nome do domínio, como a troca de letra ou uma extensão diferente, têm se mostrado suficientes para enganar os fornecedores. Em seguida, os fraudadores realizam um pedido de compra de produtos, aparentando tratar-se de uma transação regular. Para finalizar a engenhosidade, há solicitação de pagamento a prazo e a mercadoria é retirada na sede do fornecedor por um transportador escolhido pelo golpista.
A fraude só é descoberta quando, após entregar a mercadoria, o fornecedor se vê em um cenário de inadimplência. Ao direcionar a cobrança, percebe que o pedido de compra não foi realizado pela verdadeira empresa, o que o deixa em uma situação de difícil recuperação dos valores.
O prejuízo é claro: os produtos são entregues, mas o pagamento nunca chega. Esse tipo de prejuízo direto pode ser especialmente severo em transações de grande valor, comprometendo o fluxo de caixa e organização.
Para evitar esse tipo de fraude, é necessário adotar algumas medidas preventivas. Em diversos casos, notou-se que os fraudadores utilizaram os dados dos sócios da vítima para criar o domínio, o que dificulta a percepção da fraude, exigindo que se vá além da simples verificação da origem do domínio.
Uma das primeiras ações é garantir a verificação cuidadosa dos e-mails recebidos. Domínios fraudulentos costumam ter pequenas variações em relação aos originais, como uma letra trocada ou a utilização de um sufixo diferente, como ".co" em vez de ".com.br".
Existem, ainda, ferramentas online que verificam o endereçamento. Para clientes habituais, sempre confira se o e-mail do pedido é o mesmo utilizado anteriormente. Já para novos clientes, é interessante conferir o domínio de e-mail já utilizado na receita federal, por meio de uma consulta no "cartão CNPJ" do suposto comprador.
Além disso, é importante implementar um processo interno de validação de pedidos. Antes de liberar qualquer entrega ou emissão de nota fiscal, é recomendável confirmar os dados da empresa compradora por outros canais de comunicação, como aqueles disponíveis em sites oficiais.
Investir em segurança digital também é essencial. Ferramentas de autenticação multifator e monitoramento de domínios de e-mail podem ajudar a detectar tentativas de fraude logo no início. Essas soluções tecnológicas são aliadas poderosas na proteção das empresas, evitando que pedidos fraudulentos sejam processados.
Outra medida preventiva importante é a capacitação de equipes internas. Funcionários que lidam diretamente com pedidos e faturamentos devem ser treinados para reconhecer sinais de fraude. Treinamentos periódicos sobre segurança digital, fraudes de e-mail e métodos de verificação de autenticidade ajudam a identificar tentativas de golpes logo no início.
A prevenção é o melhor caminho para evitar fraudes. Verificar cuidadosamente os e-mails recebidos, adotar processos internos de validação, investir em ferramentas de segurança digital e treinar a equipe são ações essenciais para a proteção da empresa. Caso a empresa seja vítima, é importante agir rapidamente, informando as autoridades competentes e buscando suporte jurídico.
Luis Felipe Dalmedico Silveira, sócio da área de Negociação e Recuperação Estratégica de Crédito do Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.
Mariane Ferri é advogada especialista da área de Negociação e Recuperação Estratégica de Crédito do Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.
Luiza Helena Silva Monticeli Mendes compõe a área de Negociação e Recuperação Estratégica de Crédito do Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.