Fraude em pedidos de compra: como proteger seu negócio de golpistas digitais

0

Fraudes no ambiente empresarial estão tornando-se cada vez mais sofisticadas. Um dos golpes que mais crescem, por sua eficácia e impacto devastador, é a falsificação de domínios de e-mails com a intenção de se passar por uma empresa. Trata-se de um esquema engenhoso, no qual os criminosos utilizam domínios de e-mail falsos para realizar pedidos de compra com pagamento a prazo, em nome de empresas respeitadas, com bom crédito no mercado.

A prática pode afetar empresas de todos os portes, explorando a confiança natural que existe nas transações comerciais. Os prejuízos são significativos e afetam não apenas a parte financeira, mas também a integridade reputacional da vítima. Neste contexto, é essencial que as companhias estejam devidamente informadas sobre os riscos e as medidas preventivas que podem ser adotadas.

Mariane Ferri

Tudo começa com a criação de um domínio de e-mail falso, que imita ou simula o de uma empresa legítima. Pequenas alterações no nome do domínio, como a troca de letra ou uma extensão diferente, têm se mostrado suficientes para enganar os fornecedores. Em seguida, os fraudadores realizam um pedido de compra de produtos, aparentando tratar-se de uma transação regular. Para finalizar a engenhosidade, há solicitação de pagamento a prazo e a mercadoria é retirada na sede do fornecedor por um transportador escolhido pelo golpista.

A fraude só é descoberta quando, após entregar a mercadoria, o fornecedor se vê em um cenário de inadimplência. Ao direcionar a cobrança, percebe que o pedido de compra não foi realizado pela verdadeira empresa, o que o deixa em uma situação de difícil recuperação dos valores.

O prejuízo é claro: os produtos são entregues, mas o pagamento nunca chega. Esse tipo de prejuízo direto pode ser especialmente severo em transações de grande valor, comprometendo o fluxo de caixa e organização.

Luiza Helena Silva Monticeli

Para evitar esse tipo de fraude, é necessário adotar algumas medidas preventivas. Em diversos casos, notou-se que os fraudadores utilizaram os dados dos sócios da vítima para criar o domínio, o que dificulta a percepção da fraude, exigindo que se vá além da simples verificação da origem do domínio.

Uma das primeiras ações é garantir a verificação cuidadosa dos e-mails recebidos. Domínios fraudulentos costumam ter pequenas variações em relação aos originais, como uma letra trocada ou a utilização de um sufixo diferente, como ".co" em vez de ".com.br".

Existem, ainda, ferramentas online que verificam o endereçamento. Para clientes habituais, sempre confira se o e-mail do pedido é o mesmo utilizado anteriormente. Já para novos clientes, é interessante conferir o domínio de e-mail já utilizado na receita federal, por meio de uma consulta no "cartão CNPJ" do suposto comprador.

Além disso, é importante implementar um processo interno de validação de pedidos. Antes de liberar qualquer entrega ou emissão de nota fiscal, é recomendável confirmar os dados da empresa compradora por outros canais de comunicação, como aqueles disponíveis em sites oficiais.

Investir em segurança digital também é essencial. Ferramentas de autenticação multifator e monitoramento de domínios de e-mail podem ajudar a detectar tentativas de fraude logo no início. Essas soluções tecnológicas são aliadas poderosas na proteção das empresas, evitando que pedidos fraudulentos sejam processados.

Outra medida preventiva importante é a capacitação de equipes internas. Funcionários que lidam diretamente com pedidos e faturamentos devem ser treinados para reconhecer sinais de fraude. Treinamentos periódicos sobre segurança digital, fraudes de e-mail e métodos de verificação de autenticidade ajudam a identificar tentativas de golpes logo no início.

A prevenção é o melhor caminho para evitar fraudes. Verificar cuidadosamente os e-mails recebidos, adotar processos internos de validação, investir em ferramentas de segurança digital e treinar a equipe são ações essenciais para a proteção da empresa. Caso a empresa seja vítima, é importante agir rapidamente, informando as autoridades competentes e buscando suporte jurídico.

Luis Felipe Dalmedico Silveira, sócio da área de Negociação e Recuperação Estratégica de Crédito do Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.

Mariane Ferri é advogada especialista da área de Negociação e Recuperação Estratégica de Crédito do Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.

Luiza Helena Silva Monticeli Mendes compõe a área de Negociação e Recuperação Estratégica de Crédito do Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.