O mercado brasileiro de TI vai viver uma ligeira retomada em 2017, com crescimento de 2,5% em relação a 2016, segundo a IDC. Avaliando o comportamento do mercado, a consultoria conclui que a alavanca será o setor de TI, que deve crescer 5,7%, enquanto telecom deve permanecer estável, com aumento de 0,4% no período.
Para Denis Arcieri, diretor geral da IDC Brasil, "não há mais espaço para postergar projetos de transformação e inovação, e mais de 6% dos CIOs pretendem investir para melhorar a estratégia de entrega multicanais em 2017".
A IDC aponta o processo de transformação digital (DX) como um caminho sem volta para as empresas em busca de eficiência e competitividade. Segundo recente pesquisa, no Brasil pouco mais de 10% das empresas já investem cerca de 5% de seu faturamento em tecnologias inovadoras.
A transformação digital se baseia em cinco pilares – liderança, omni-experience, informação, modelo de negócio e fonte de trabalho, que permeiam diferentes tecnologias e segmentos do mercado de TIC que se destacam nas previsões da IDC para este ano.
O setor de Telecom, de acordo com a consultoria, seguirá coerente com a tendência dos últimos anos, com destaque para as conexões 4G, que vai passar de 108 milhões no Brasil, representando 40% da base total.
Segundo André Loureiro, gerente de Pesquisa e Consultoria de TIC da IDC Brasil, é necessário aumentar a cobertura e melhorar a qualidade de serviços para atender à demanda fora das capitais, onde atualmente está concentrado o consumo.
A utilização de serviços OTT (Over the Top) deve continuar crescendo e gerando mais tráfego, principalmente de vídeo, assim como modelos "0800 de dados" e "zero-rating", que permitem o acesso gratuito a determinados serviços, sem cobrança de dados.
Depois de um ano conturbado, os investimentos em segurança devem ser retomados e ampliados já no primeiro semestre e ultrapassar US$ 360 milhões até o final de 2017. As principais áreas de interesse dos gestores de segurança para novos projetos são Gestão de Identidades (IAM), com 58% de intenções de investimento, e Correlação de Eventos (SIEM), com 57% de intenções.
Um desafio para esses executivos será endereçar cenários de IoT (Internet das Coisas) complexos, por meio do endurecimento e da padronização de práticas de segurança para dispositivos conectados.
De acordo com Ramos, hoje cerca de 79% dos executivos de segurança não consideram que as práticas para lidar com Segurança da Informação em IoT estejam bem definidas no mercado.
A Internet das Coisas (IoT) deve pegar embalo no segundo semestre, com a definição de uma política pública e de incentivos pelo BNDES, comenta Pietro Delai, gerente de Consultoria e Pesquisa de Infraestrutura e Telecom da IDC Brasil.
A previsão é de que o ecossistema de IoT no Brasil dobre de tamanho até o final da década, superando US$ 13 bilhões. O avanço do IoT estará conectado com o uso de Analytics, fundamental para transformar dados em valor para os negócios, e com computação em nuvem, que será a plataforma para processamento desses dados – até 2019, cerca de 43% dos dados de IoT serão tratados na nuvem.
Delai também destaca o Blockchain (banco de dados distribuído que guarda um registro de transações permanente e à prova de violação) como um elemento importante de transformação digital que continuará em ritmo lento. Alguns projetos foram desenvolvidos em 2016 e outros virão ao longo de 2017. "É uma tecnologia disruptiva, mas sua adoção é gradual. Os desafios regulatórios e de compliance são imensos no Brasil", explica Delai.
Já o mercado de Business Analytics Software crescerá 4,8% em 2017, movimentando US$ 848 milhões no Brasil. Em busca de decisões mais rápidas e assertivas, as organizações vão investir em capacidades analíticas para trazer cada vez mais inteligência e insight a cada processo em seus negócios. O reconhecimento da importância de informações não estruturadas, especialmente daquelas vindas de redes sociais e de interações diretas com clientes, vai dar força às iniciativas de Big Data.
A tecnologia Cognitive/AI também merece destaque, assumindo uma posição importante à frente da mudança das fontes de trabalho nas organizações para suportar com muito mais força os processos de relacionamento com o cliente e de tomada de decisão. Segundo Luciano Ramos, a expectativa é que nos próximos três anos o mercado quintuplique os investimentos nesta tecnologia, ainda em fase inicial, para atendimento inteligente ao cliente, respostas automatizadas, e chatbots.
O mercado de smartphones, que apresentou queda nas vendas em 2016, voltará a ganhar fôlego em 2017, com previsão de crescimento de 3,5% em unidades em comparação ao volume do ano passado. A troca média dos aparelhos ocorre a cada dois anos e pelo menos 37% da base instalada ativa foi adquirida antes de 2015.
A tecnologia AR/VR (Realidade Aumentada/Realidade Virtual) aparece com boas perspectivas em 2017. A previsão da IDC é que o mercado brasileiro dobre em unidades, ultrapassando a barreira dos 100 mil produtos. Segundo Reinaldo Sakis, gerente de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil, estima-se que uma em cada 10 das maiores empresas voltadas para o consumidor experimentará AR/VR como parte de seus esforços de marketing neste ano.
Há aplicações em fase de teste no país nas áreas de arquitetura (construção de modelos VR), serviços (manutenção automobilística com AR), varejo (loja virtual com AR e VR) e indústria (aplicações de modelos de alta complexidade).
Até pouco tempo vista como tendência, a computação em nuvem chega em 2017 como mainstream. De acordo com a IDC Brasil, o mercado de Cloud pública deve crescer 20% neste ano, atingindo US$ 890 milhões. "Há muitos casos de sucesso, e as empresas já conhecem os benefícios da nuvem e estão superando seus receios ao perceber que provedores estão aumentando a segurança", diz Pietro Delai.
Na migração das empresas para a nuvem, um papel que ganha importância é o dos Cloud Brokers. "Até 2018, 85% dos ambientes serão multicloud, conjugando serviços de mais de uma nuvem pública para atender suas necessidades de negócios, não só por uma questão de custos, mas também das capacidades de cada provedor.
Os brokers vão se tornar grandes intermediadores, ajudando as empresas na tomada de decisões e no gerenciamento desses ambientes", comenta Luciano Ramos. A previsão é de que eles terão uma fatia significativa nas receitas dos provedores, chegando a 50% dessas receitas até 2020.