Após a consolidação da Alcatel Lucent, a Nokia começa a colher os frutos de uma das maiores consolidações entre fornecedores de tecnologia da história do mercado de telecom. Mas agora precisa adaptar o seu discurso. Se há alguns anos a empresa se colocava como uma empresa focada exclusivamente em mercados móveis, a estratégia agora, como não poderia deixar de ser, é na diversificação do portfólio. Os números que justificam esse novo discurso foram apresentados por Rajeev Suri, CEO da Nokia, em conferência com analistas e jornalistas durante o Mobile World Congress 2017, que acontece esta semana em Barcelona. Em 2015 a empresa tinha uma receita de 12,5 bilhões de euros, sendo 92% proveniente da divisão de redes. Com a compra da ALU, a empresa dobrou suas receitas, para quase 24 bilhões de euros, mas fragmentados em muito mais áreas de negócios. As receitas da divisão de redes móveis passou a 56%. Outras áreas passaram a ser importantes na estratégia da empresa: redes fixas (10%); redes IP (12%); redes ópticas (7%); aplicações e serviços (4%); outras tecnologias e licenciamento (4%). Segundo Suri, esta nova abordagem é positiva. Segundo o CEO, as margens estão subindo. A empresa pretende expandir sua atuação no mercado de enterprise, mas focando-se nas 4 mil empresas de ponta no uso de tecnologias de redes e sistemas. Softwares passam a ter um papel importante na estratégia da Nokia, mas não apenas para suas próprias redes, mas para funcionar de maneira integrada e agnóstica com qualquer rede e qualquer tipo de equipamento. "A Nokia é uma empresa fundamentalmente diferente em relação ao que era há um ano diz Suri.
A empresa está aproveitando o evento de Barcelona para anunciar a sua iniciativa 5G First, para desenvolver as primeiras soluções fim-a-fim de 5G, da rede ao handset. A maior parte do projeto está baseado na parceria com Verizon que pretende ter 17 cidades com experiências de 5G pré-comerciais já este ano. A Nokia entende que nos EUA e Ásia haverá um esforço de pioneirismo em redes 5G, antes mesmo da padronização global, e disse estar disposta a abraçar todas as iniciativas, dos "early adopters ao mainstream". A estratégia da Nokia (e certamente dos demais vendors) de impulsionar desde já a tecnologia de 5G traz um risco: uma possível redução de Capex nas redes 4G. Suri, contudo, minimiza esse risco. Para ele, a demanda é tal nas redes móveis atuais que os investimentos em tecnologias avançadas de 4G é inevitável nos próximos anos, mas a preparação das redes para o conceito de 5G precisa começar simultaneamente.
Outra preocupação da Nokia é com a demanda por soluções que contemplem o ambiente "multinacional e federalizado da Internet das Coisas", nas palavras de Suri, ou seja, aplicações e tecnologias que possam funcionar de maneira integrada e padronizada em diferentes países. O projeto Wing da Nokia parece atender a esta demanda.
Por fim, a empresa anunciou uma forte estratégia de licenciamento de marca e tecnologias. A HMD, responsável pela marca Nokia no mercado de handsets, é um exemplo, mas Rajeev disse que outras iniciativas devem vir no mercado de wearables e outros segmentos de IoT.