Brasil chega a 2025 com déficit de meio milhão de profissionais de TI e busca soluções

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O Brasil entrou em 2025 enfrentando um marco preocupante: a escassez de talentos na área de Tecnologia da Informação (TI) atingiu um déficit projetado de 530 mil profissionais, segundo previsões feitas em 2023 pelo Google for Startups. Essa falta de mão de obra qualificada não é apenas um problema estatístico; ela impacta diretamente empresas, startups e toda a gestão de dados em setores estratégicos.

Esse "apagão" resulta de um desequilíbrio entre oferta e demanda de trabalho. O impacto dessa lacuna na gestão de dados nobres tem sido amenizado por iniciativas focadas em identificar novos talentos e conectá-los a empresas e startups de base tecnológica.

No Paraná, por exemplo, um programa de capacitação e residência em TI promete aproximar talentos do mercado. A iniciativa, fruto de uma parceria entre a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR) e o TrendsIT, executado pelo Núcleo Softex Campinas promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), vem ajudando a reduzir a lacuna.

Adriano Krzyuy, presidente da Assespro-PR, reforça que a dificuldade em contratar profissionais qualificados é um dos grandes entraves do setor. "O trabalho na área de TI cresce todos os dias, mas a chegada de novos profissionais ao mercado não acompanha essa demanda. O programa cria esse match entre talentos e empresas que precisam de mão de obra especializada", explica.

Totalmente gratuito, o TrendsIT oferece uma capacitação intensiva de seis meses, trabalhando soft e hard skills, combinando aperfeiçoamento técnico com experiência prática em projetos reais realizados em outros seis meses.

O resultado já aparece nas empresas. Mauricio Scussel, CEO da Process2use, incorporou à sua equipe dois profissionais vindos do programa. "Em apenas 15 dias, eles estavam prontos e integrados ao time. Já estão gerando resultados, o que nos permitiu acelerar projetos que estavam atrasados", conta.

Dois bolsistas foi o que também precisou para reforçar seu time Gisele Lasserre, fundadora da Tech Girls (projeto na área socioambiental que reutiliza lixo eletrônico) e desenvolvedora de softwares. Na empresa, os jovens trabalharam em projetos para desenvolver soluções a favor de uma melhor análise de dados e, também, implementações e melhorias evolutivas em Software Proprietário Tech Girls.. "Um dos bolsistas, tive a oportunidade de encaminhar para o mercado de trabalho: uma pessoa coincidentemente estava buscando um perfil como o dele, e aí hoje ele está integrando uma equipe de uma importante empresa na área de Finetech, que inclusive é membro associado da Assespro-PR", compartilha.

Ruben Delgado, presidente da Softex, destaca a importância de alinhar a capacitação às demandas do mercado. "Investir na formação de talentos é essencial para garantir que o país acompanhe a evolução tecnológica, fortaleça a competitividade das empresas e impulse a inovação", afirma.

O mercado reage

A falta de profissionais especializados tem levado empresas e entidades a investirem em eventos e iniciativas para atrair e capacitar talentos. No início do ano, a Assespro-PR realizou um Hackathon no Show Rural 2025, em Cascavel, voltado à criação de soluções digitais para o agronegócio. Para Krzyuy, essas iniciativas revelam novos talentos e conectam o setor a ideias inovadoras.

"Eventos como esse permitem que os profissionais sejam testados e que suas habilidades sejam reconhecidas por empresas que buscam mão de obra qualificada", enfatiza.

Além disso, a entidade segue fortalecendo parcerias com instituições de ensino e promovendo debates sobre o futuro do setor. "O fortalecimento da mão de obra não é apenas uma questão de suprir a demanda das empresas, mas também de criar um ecossistema de TI mais robusto e inclusivo", finaliza o presidente da Assespro-PR.

Para o coordenador do TrendsIT no Paraná, Izoulet Côrtes, o projeto "ativa as capacidades dentro das organizações, já que permite a experiência prática e a vivência dos alunos em TI. "Eles [os estudantes] muitas vezes tem a capacitação, tem a formação, tem as competências desenvolvidas, mas não tiveram experiência prática. Então, isso é algo que fornecemos: além de convergir para dentro do ambiente associativo, onde nós temos a capacidade de conectar as ações, de oportunidades de negócio, de sustentabilidade, de capacitação, de inserção no mercado de trabalho", argumenta.

A corrida para suprir o apagão de TI segue a todo vapor. Programas como o TrendsIT e eventos de capacitação mostram que, apesar dos desafios, o Brasil tem condições de reverter esse cenário e preparar uma nova geração de profissionais para a revolução digital.

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