Uma nova Internet está se formando diante dos nossos olhos. Mas, diferentemente da web tradicional, essa nova fase não será definida apenas por sites e aplicativos, e sim por agentes inteligentes que operam de maneira autônoma e integrada. Se antes o valor de uma marca era determinado por sua promessa e reputação, agora ele será medido pela eficiência e inteligência de seus agentes digitais.
Essa transformação exige um novo framework baseado em três pilares essenciais: identidade digital, interoperabilidade e controle descentralizado. A ideia é que esses agentes possam atuar de forma fluida entre diferentes setores e plataformas, garantindo uma experiência integrada e personalizada para os usuários. Mas como essa nova internet funcionará na prática?
Atualmente, os agentes inteligentes operam de maneira segmentada, restritos a tarefas específicas dentro de um mesmo ecossistema. O grande desafio será conectar esses agentes de forma transversal, rompendo barreiras entre marketing, vendas, atendimento e operações. Para isso, será necessário um modelo de interoperabilidade robusto, que permita a troca segura e eficiente de informações entre diferentes serviços e plataformas.
Isso levanta uma série de questões: Quem será responsável por regular essa nova infraestrutura digital? Como garantir que a descentralização não comprometa a segurança dos dados? E, mais importante, como evitar que esse novo modelo seja capturado por monopólios tecnológicos?
Grandes empresas de tecnologia já estão se movendo para ocupar esse novo espaço. Google, OpenAI, Meta e Amazon estão investindo pesado no desenvolvimento de agentes inteligentes, cada uma buscando sua própria abordagem para criar um ecossistema conectado. Ao mesmo tempo, empresas de menor porte e startups vêm explorando modelos inovadores, muitas vezes apostando na descentralização e na transparência como diferenciais.
Essa abordagem já começa a ser explorada por startups que desenvolvem agentes capazes de personalizar experiências de compra e otimizar serviços com base no comportamento do usuário. Imagine um agente financeiro que analisa padrões de consumo e interage com um agente de e-commerce para antecipar necessidades, sugerindo soluções antes mesmo que o consumidor perceba sua demanda. Isso redefine a relação entre marcas e clientes, tornando as interações mais eficientes e relevantes.
Mas por onde conversaremos com esses novos agentes? Se hoje utilizamos aplicativos e navegadores, no futuro a interação poderá acontecer diretamente em qualquer dispositivo conectado: smartphones, wearables, carros, assistentes virtuais e até em ambientes imersivos.
À medida que essa nova internet se desenvolve, alguns conceitos tradicionais tendem a perder espaço. A ideia de que precisamos abrir um site ou instalar um aplicativo para acessar um serviço pode se tornar obsoleta. Em vez disso, agentes adaptáveis emergirão quando necessários e desaparecerão quando não forem mais relevantes, garantindo interações mais dinâmicas e eficientes.
Isso representa uma mudança profunda na forma como empresas e consumidores se relacionam. Se antes o marketing era pautado em campanhas publicitárias e presença digital, agora ele será definido pela inteligência e pela capacidade de adaptação dos agentes que representam uma marca.
O que estamos vendo não é apenas uma evolução da Internet, mas uma redefinição completa de como interagimos com o digital. O desafio será garantir que essa transição ocorra de maneira aberta, transparente e segura para todos os envolvidos.
Samir Ramos, CEO do smarters.