Isaac Newton é considerado uma das mentes mais brilhantes da história. E não é para menos.
Newton e seus trabalhos sobre mecânica, ótica e cálculo matemático trouxeram uma contribuição incalculável para o desenvolvimento da humanidade.
A partir das suas ideias, elaboradas há mais de 300 anos, somos capazes, por exemplo, de descrever com precisão o movimento de corpos no espaço.
Esse conhecimento foi, e continua sendo, fundamental para a física moderna. Sem ele, não teríamos satélites em órbita, e muito menos viagens espaciais.
Mas, nem mesmo esse grande gênio foi capaz de entender tudo sobre o que estudou.
Newton reconheceu que, apesar de descrever com perfeição os efeitos da força da gravidade, ele nunca conseguiu entender como a atração gravitacional realmente funcionava.
Entretanto, não entender como o sol – mesmo estando a 150 milhões de quilômetros de distância – atrai a Terra não impediu Newton de compreender os efeitos dessa força sobre questões práticas da vida.
Esse foco prático de Newton reverbera até hoje, quando usamos os nossos celulares, o GPS do carro ou viajamos de avião.
Muito bem, mas o que Isaac Newton tem a ver com cibersegurança?
Nada, mas há uma lição que podemos extrair da sua história.
Eu ainda ouço de alguns executivos que, pelo fato de não entenderem os aspectos técnicos da segurança cibernética, preferem delegar o assunto.
Evidentemente que um executivo não vai atuar diretamente nas questões técnicas. Mas, ao se manter distante do tema, ele também se abstém de conhecer melhor os efeitos que a cibersegurança — ou a falta dela — tem sobre questões práticas do negócio.
A segurança cibernética será um dos temas mais importantes para as empresas nos próximos anos. Em algumas indústrias, talvez ele já o seja.
É certo que a pandemia acelerou ainda mais o uso de tecnologias digitais, expondo organizações e pessoas a um nível maior de risco. Mas essa tendência não vai desacelerar na medida em que a crise sanitária se dissipar de vez.
Segundo levantamento da Fortinet, empresa americana de soluções de proteção cibernética, as tentativas de ataques no Brasil cresceram impressionantes 950% em 2021.
Parece bem óbvio que todo executivo, mais cedo ou mais tarde, vai ser chamado para decidir sobre esse assunto. Nessa hora, o que ele vai fazer? Pedir ajuda para os universitários não será uma alternativa.
Por isso, manter distância do tema é um erro. É fundamental que executivos de todas as áreas se dediquem a entender, desde já, a segurança cibernética sob uma ótica gerencial.
Você não tem que entender como um cibercriminoso pode invadir a sua empresa, mas é fundamental que compreenda os efeitos que a gestão da cibersegurança tem para a sua organização, seus negócios, parceiros e clientes.
Ninguém precisa ser um Isaac Newton para isso. Basta colocar o assunto na agenda e começar a se informar.
Fernando Cosenza, PhD, é CEO da Resh Cyber Defense.