A crescente demanda por conectividade em áreas remotas tem impulsionado a evolução das tecnologias de Internet das Coisas (IoT) via satélite. Em entrevista à TI Inside, Oscar Delgado, diretor de vendas para América Latina da Myriota, detalhou como os avanços recentes neste campo vêm ampliando a cobertura, reduzindo custos e viabilizando aplicações em setores estratégicos como agricultura, energia e mineração.
Segundo Delgado, a evolução do chamado "New Space Sector" tem sido decisiva para tornar a IoT via satélite mais acessível e eficiente. "Com a implantação de redes de satélites em órbita terrestre baixa (LEO), conseguimos levar conectividade a locais antes inalcançáveis, com confiabilidade inédita", destacou. A Myriota, que atua há mais de uma década nesse segmento, afirma ter contribuído ativamente para esse progresso.
A tecnologia tem se mostrado especialmente relevante para o setor energético. O uso de satélites permite o monitoramento contínuo de infraestrutura crítica em áreas isoladas, onde não há cobertura de rede celular. A indústria de petróleo e gás também tem sido beneficiada, assim como o agronegócio, onde sensores conectados monitoram variáveis como umidade do solo e sistemas de irrigação.
Delgado destaca que o principal marco tecnológico da última década foi justamente a adoção das constelações de satélites LEO. "Elas tornaram possível reduzir custos operacionais e estender a autonomia energética dos dispositivos em campo — com baterias simples podendo durar até 10 anos", explicou.
Outro fator que impulsionou o crescimento foi a queda no custo de lançamento de satélites, viabilizada por avanços em miniaturização e pelo uso de foguetes reutilizáveis. A combinação entre satélites próprios e infraestrutura de parceiros, no modelo Space-as-a-Service, permitiu ainda maior flexibilidade operacional e rápida escalabilidade.
No Brasil, onde a Myriota iniciou operações em 2025, a regulamentação da Anatel e o suporte de uma equipe local têm sido fundamentais para a expansão da tecnologia. "A conectividade via satélite tem potencial para transformar o monitoramento remoto no país e contribuir para uma agricultura de precisão mais eficiente e sustentável", afirmou Delgado.
Apesar dos avanços, ele ressalta que ainda há desafios regulatórios e burocráticos em alguns países, mas reconhece que há um esforço global para facilitar a entrada dessas tecnologias, com parcerias e investimentos público-privados.
Para os próximos anos, a expectativa é de uma aceleração ainda maior. "Veremos o surgimento de redes híbridas, com dispositivos alternando entre 5G e satélites LEO, ampliando ainda mais a cobertura e a escalabilidade da IoT em escala global", concluiu.