A Inteligência Artificial (IA) tem moldado uma nova realidade no mercado de trabalho, impactando profundamente a forma como as empresas operam e os profissionais desempenham suas funções. A rápida evolução dessa tecnologia suscita tanto oportunidades quanto desafios, criando um cenário em que trabalhadores e empregadores precisam se adaptar para aproveitar as transformações que estão por vir.
De acordo um estudo da McKinsey Global Institute, até 2030 a IA pode impactar 800 milhões de trabalhadores no mundo, e até 375 milhões de pessoas terão que mudar de profissão devido à automação. Novas funções já estão sendo demandadas no mercado de trabalho, visto a necessidade de especialistas em como cientista de dados, engenheiro de aprendizado de máquina, especialista em IA para negócios, entre outras.
Se tratando de atividades habituais, a IA contribui para a eficiência e a produtividade de diversas funções, proporcionando mais tempo para os trabalhadores se concentrarem em tarefas estratégicas e criativas. A automação de tarefas repetitivas e baseadas em dados é um dos principais exemplos. Funções administrativas, atendimento ao cliente, manufatura e até mesmo setores como o financeiro têm adotado essa tecnologia para otimizar processos e reduzir custos. Isso resulta em maior eficiência, mas também levanta preocupações sobre a substituição de empregos.
Ao contrário do que muitos temem, a substituição total dos profissionais pela IA não é uma realidade para todas as ocupações. Ela não é capaz de substituir criatividade, empatia e análises críticas, por exemplo. Portanto, ao invés de eliminar as oportunidades de trabalho, ela deve ser encarada como uma aliada para o aprimoramento do desenvolvimento profissional.
O fato de não substituir os profissionais não exclui a necessidade da busca por conhecimento e aprimoramento em ferramentas com uso de IA. O Relatório de Habilidades Globais 2024, divulgado pela plataforma de aprendizagem online Coursera, registrou um aumento de mais de 1000% em sua plataforma em cursos de IA generativa.
Atualizar o conhecimento sobre as novidades tecnológicas já é um requisito. Para isso, plataformas de ensino online e programas corporativos de capacitação têm sido ótimas soluções para ajudar os profissionais com o conhecimento necessário para navegar nesse novo ambiente de trabalho. Nesse contexto, empresas que incentivam a qualificação de seus colaboradores sairão na frente, pois terão equipes preparadas para lidar com as mudanças tecnológicas de forma mais eficiente.
Para que o avanço da IA no mercado de trabalho seja benéfico, empresas e governos precisam colaborar na criação de políticas e práticas que favoreçam a adaptação dos trabalhadores. Empresas devem adotar estratégias para mitigar os impactos negativos da automação, como programas de treinamento e recolocação, além de investir em tecnologias que complementam o trabalho humano em vez de substituí-lo. Os governos, por sua vez, desempenham um papel fundamental na criação de uma infraestrutura regulatória e de suporte para o uso responsável da IA. A regulamentação precisa garantir que o avanço tecnológico não crie desigualdades ainda maiores, mas sim promova uma transição justa e inclusiva.
Embora o avanço da IA traga transformações profundas, o futuro do trabalho não deve ser encarado com pessimismo. A IA tem o potencial de transformar positivamente o mercado, se tornando uma aliada poderosa, ampliando as capacidades humanas e criando um mercado de trabalho mais dinâmico e inovador.
O conhecimento é a chave para o sucesso. Profissionais, empresas e governos que estiverem dispostos a se adaptar e abraçar as mudanças terão a oportunidade de prosperar em um mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial. A tecnologia pode redesenhar o futuro do trabalho, mas o fator humano continuará sendo a peça central dessa transformação.
Joel Backschat, CIO da multinacional brasileira FCamara.