As "máximas" sempre chamaram minha atenção. Aquelas frases que ouvimos no início da carreira, seja qual for a área. Inicialmente, achamos graça, mas, com o tempo, nos pegamos repetindo essas mesmas frases até que se tornam parte do nosso dia a dia. "O que não tem solução, resolvido está", "Só é urgente porque alguém não fez", e a minha favorita, que ouvi de um verdadeiro guru da infraestrutura nos meus primeiros passos como pré-venda: "Marlon, aprenda uma coisa: gargalo em TI a gente não resolve, a gente empurra".
Essa frase não só se repetiu inúmeras vezes desde então, mas também foi provada correta em muitos dos desafios enfrentados diariamente nessa indústria tão vital. No início, era tudo bare metal, caixa e appliance físico e com recursos limitados. Depois veio a virtualização, que exigiu sistemas de armazenamento mais rápidos, o que, por sua vez, trouxe a necessidade de redes mais velozes, culminando no conceito de nuvem — e assim seguimos, empurrando os gargalos para frente.
Um dos gargalos mais evidentes, segundo o Gartner, está na maneira como os times de inovação, que precisam entregar produtos com agilidade para atender às demandas dos clientes e do negócio, são impactados pela complexidade da infraestrutura e por processos internos demorados. A nuvem pública surgiu como uma solução rápida, com sua facilidade e recursos "infinitos", mas também trouxe novos desafios como governança, compliance e custos.
O caminho para equilibrar performance com a segurança da soberania tecnológica — e, principalmente, dos dados — é criar uma plataforma que abstraia a complexidade das infraestruturas atuais. Ela deve adotar um modelo operacional baseado em autoconsumo, resiliência, redução do time-to-market e eficiência real a nível de negócio. Isso é chamado de de "Platform Engineering", uma disciplina que atende não apenas aos desenvolvedores, mas a todo um ecossistema necessário para o lançamento de novas ofertas. E mais do que tecnologia, Platform Engineering envolve cultura: trata os usuários não apenas como recursos internos, mas como clientes, ouvindo seus feedbacks e os re-implementando como melhorias que antecipam futuras necessidades.
No final das contas, o desafio é de que gargalos sempre vão existir, mas precisamos saber como lidar com eles de forma estratégica. E a melhor forma de fazer isso é adotando uma abordagem que equilibre inovação com simplicidade operacional, mantendo o foco nas necessidades do negócio e dos clientes. Platform Engineering não é apenas uma questão de tecnologia, mas de como enxergamos os desafios: com visão de longo prazo e agilidade na execução. Afinal, como já sabemos, em TI os gargalos podem até não serem resolvidos de imediato, mas é com a tecnologia certa e a resiliência forte que continuamos acelerando a inovação.
Marlon Menezes, engenheiro de sistemas da Nutanix.