Em vigor desde março deste ano, a nova lei do estado de São Paulo que criou o cadastro para bloqueio de ligações de telemarketing acarretou enormes prejuízos causados pela queda nas vendas de produtos e serviços, e culminou no fechamento de cerca de 11 mil vagas pelas empresas que oferecem esse tipo de serviço. A afirmação é de Stan Braz, diretor presidente executivo do Sindicato das Empresas Paulistas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark).
Em contrapartida, ele observa que a lei do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), em vigor desde 1º de dezembro de 2008, que estabeleceu uma série de critérios para o atendimento aos clientes por parte das centrais de atendimento, obrigou os fornecedores de serviços de call center a investir em pessoal e tecnologia. "Isso acabou minimizando o impacto para o setor e segurou o nível de desemprego no setor", diz Braz.
De acordo com dados do Sintelmark, as operações de SAC responderam por 70% das atividades de telemarketing entre 2003 e 2008 no estado de São Paulo, que, com o Rio de Janeiro, concentra 65% das empresas do país. O sindicato prevê para este ano um crescimento de 6%, contabilizando receita de R$ 4 bilhões.
O dirigente da entidade, ressalta, porém, que a rentabilidade do setor foi baixa, por conta dos investimentos exigidos pela lei do SAC, e por isso a receita caiu entre 3% e 4% na comparação com o ano passado. A apesar de ter afetado diretamente as finanças das empresas, Braz diz que a lei foi boa por ter resultado num investimento de R$ 4 bilhões por parte das empresas no setor, 60% dos quais destinados à contratação e ao treinamento de funcionários e 40%, em tecnologia e infraestrutura.
A lei do bloqueio de ligações de telemarketing, ainda de acordo com o dirigente sindical, criou certo receio nas companhias de call center, que, com medo de perder espaço no mercado, demitiram muita gente. Segundo ele, apenas as classes A e B estavam insatisfeitas com as ligações, pois a camadas de mais baixa renda gostam de saber de novas promoções e ofertas de lojas, operadoras e bancos, por exemplo. Braz conta que, entre as classes C e D, o número de solicitações de bloqueio foi baixo.
Segundo ele, o prejuízo só não foi maior por causa da lei do SAC e também da crise econômica, que fez com que as empresas, por causa da redução de gastos impostas pela recessão mundial, terceirizassem seus setores de cobranças para as empresas de call center, o que resultou em contratações. Braz calcula que esses dois fatores foram responsáveis por um crescimento de 21% no índice de emprego no setor. O presidente do Sintelmark não acredita que o mercado de telemarketing vá crescer neste ano, mas acha que se manterá no mesmo patamar do ano passado.
- Impacto menor