Telemarketing é "fábrica" de doenças do trabalho, acusa sindicalista

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O setor de telemarketing é, atualmente, considerado um grande empregador, mas também o maior "fabricante" de doenças decorrentes do trabalho no país. A avaliação é de Ivomar de Magalhães Barbalho, diretor de saúde do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Distrito Federal (Sinttel-DF), para quem esse tipo de trabalho é "adoecedor?.

Segundo ele, os profissionais dos chamados call centers trabalham de seis a sete horas por dia, com cerca de 15 minutos para intervalo e lanche, e outros cinco minutos para irem ao banheiro. "Alguns operadores chegam a atender cerca de 300 ligações em um único dia de trabalho", exemplificou.

Ele alertou que se todas as doenças fossem, de fato, registradas, os dados estatísticos seriam muito mais altos no país e também a cobrança por parte de órgãos nacionais e internacionais ao governo: ?Vão questionar como é que uma área que emprega tanta gente está adoecendo tanta gente?, disse Barbalho.

As empresas de telemarketing, segundo o sindicalista, ?maquiam? as doenças ocupacionais para que pareçam doenças comuns, não adquiridas em função do trabalho. Ele denunciou ainda que ?elas aproveitam o alto número de desempregados no país, além de jovens em busca do primeiro emprego ? ficou doente, elas descartam e pegam o próximo; ou, se não está atendendo, não está produzindo."

Em resposta a declaração do diretor de saúde do Sinttel-DF, o assessor jurídico e de relações institucionais da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), Cláudio Tartarini acrescentou: ?É óbvio que uma empresa que não invista em mobiliário, que não invista na parte de ergonomia, pode estar causando o adoecimento, mas a gente não pode estar generalizando isso?.

Ele lembrou que o anexo 2 da Norma Regulamentadora nº 17, aprovado neste ano, garante padrões mínimos de ergonomia a serem seguidos exclusivamente pelas empresas de telemarketing, como cadeiras com ajuste de altura e com conformação anatômica do assento e do encosto, além de melhorias na organização do trabalho e no próprio ambiente nos call centers. ?Tenho visto um grande movimento das empresas na aplicação da norma. Elas não têm como política ficar descumprido o anexo?, defendeu.

Para a fisioterapeuta Claudia Rossi, especializada em ergonomia do trabalho, o quadro do setor como grande ?adoecedor? pode ser revertido. Ela destacou a criação, pelo Ministério do Trabalho, de uma comissão especial para fiscalizar empresas de telemarketing. E informou que algumas centrais de atendimento já se prontificaram a adequar suas situações de trabalho. ?Acredito, inclusive, que será o setor mais adequado à ergonomia. Eles vão deixar de ser conhecidos como fábricas de doenças?, afirmou.

Claudia e Tartarini alertaram, no entanto, que as doenças ocupacionais são de difícil diagnóstico e que "existe uma verdadeira indústria de fraudes" ? pessoas que se valem delas para garantir estabilidade e maior poder de barganha dentro das empresas. "É uma questão delicada, mas deve ser enfrentada", afirmou Tartarini.

Com informações da Agência Brasil.

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