No entusiasmo com o retorno do trabalho remoto, os líderes empresariais correm o risco de realmente aumentar a desconexão entre eles e seu pessoal. O retorno ao local de trabalho é uma chance de criar um modelo operacional novo, colaborativo, mais eficaz, que funcione para empresas e pessoas. Pesquisas mostram que o colaborador prefere trocar de emprego ao ter que retornar ao modelo de trabalho anterior. Muitos estão sendo contratados independentemente da localização geográfica para onde se mudaram na pandemia. O desafio das empresas é estimular o senso de pertencimento, de colaboração, preservar valores da companhia, estimular a inovação e criar um ambiente inclusivo.
Segundo Guilherme (Moika) Almeida de Menezes, consultor em Engenharia de Software do CESAR , que participou nesta quinta-feira, 25, da 3ª edição do Digital Work Place Forum, no contexto pré-pandemia era comum ter equipes próximas e somente algumas pessoas remotas, pois, entretanto antes de 2020, muitas das ferramentas não possuíam a tecnologia necessária para atender esta demanda e também as pessoas não tinham essa cultura.
"De repente em 2020 a maioria das pessoas estavam em casa e até contratações diretas para home office começaram a acontecer. Em paralelo ao avanço natural das ferramentas, houve um avanço para reuniões mais dinâmicas e outros recursos que foram sendo construídos", disse o especialista . Segundo ele, surgiram dúvidas, neste finalzinho de pandemia, sobre voltar ou não ao presencial mas a opção de muito pelo trabalho em qualquer lugar tem sido a tendência mais evidente.
"A pandemia também trouxe uma discussão sobre quais ferramentas utilizar para proporcionar mais interação entre as pessoas, entre grupos e imagino neste momento o que está por vir imagino termos um desafio justamente trabalha no contexto híbrido pois no futuro não muito distante encontramos uma outra realidade a do multiverso", provocou o especialista.
O conceito de multiverso não é recente, surgiu na ficção na década de 90 e hoje está sendo impulsionado pelas recentes experiências. "Hoje estamos impulsionando essa conversa das novas interações em diversos contextos e não só do trabalho de como interagir com pessoas em outros locais . Acredito que o metaverso trará oportunidades com novas interações que não percam a essência da humanidade",
O metaverso, conceito de realidade virtual (realidade aumentada, por exemplo, ou 3D com equipamentos e acessórios), tem como ideia transcender o mundo virtual por meio de universo paralelo ao real, onde o que acontece em um repercute no outro, o que lembra ( pois está engatinhando) o mundo do filme Matrix.
"Nesta nova realidade devemos destacar que outras indústrias serão fomentadas tanto para manter o mundo virtual como aparelhá-lo quanto às novas possibilidades proporcionadas por ele", comentou Moika.
Este paradigma do metaverso trará benefícios se houver a integração entre as pessoas. "Este universo não será desenvolvido para afastar a interação humana e sim para aproximar as pessoas criando coisas diferentes. Somente indo aos locais presencialmente as pessoas poderão se nutrir das relações que ainda não serão substituídas, e toda a criatividade será forjada na interação pessoal.", completou o especialista do CESAR.
No mesmo caminho, Mauro Carrusca, CEO & Fundador da KER Innovation, observa que o impacto causado pela pandemia nas relações de trabalho denotou que a tecnologia está ali para facilitar a interlocução entre as pessoas.
"Este é um momento de transição cultural – novos modelos de trabalhos remotos e complementares – dar apoio aos colaboradores. Buscar mecanismos para que as pessoas se sintam junto com as outras e é neste modelo que estamos inseridos agora", salientou o executivo.
"Ele lembra que a exemplo do que acontecia na sociedade renascentista onde a comunidade de interrelacionam localmente, cada um oferecendo um tipo de trabalho mas que se complementam e ao mesmo tempo buscavam soluções em comum", afirmou, " Este são princípios da gestão colaborativa, uma tendência para o futuro muito próximo onde organizações buscam por mentes interconectadas, diversidade e inclusão. As empresas gastam muito com a transformação digital, no foco apenas das ferramentas – a grande transformação é empoderar as pessoas de transformação em conhecimento, voltando ao renascentista, onde todos se conectem", disse.
Adriano Marcandali, diretor regional LATAM Workplace from Meta (Facebook) mostrou que esta interconectividade entre pessoas está sendo demonstrada como prioridades em pesquisas mundiais. Segundo estas informações relativas ao futuro do trabalho por meio dessas pesquisas, as organizações e equipes de trabalho buscam meios para desenvolver profissionais. As pessoas buscam solidez financeira, flexibilidade de trabalho onde possam contribuir com as organizações, além de terem reconhecimento, notoriedade e felicidade.
"Hoje as empresas exigem um compromisso e equilíbrio entre pessoal e profissional. A mudança do modelo de trabalho parte presencial e parte home office, ou totalmente remoto, exige também que o perfil desse novo trabalhador não se centre nas suas habilidades técnicas mas muito em suas habilidades humanas", comentou o executivo, "No futuro se dará pouca ênfase nas habilidades técnicas que são temporais e mais, as habilidades humanas e duráveis. Neste equilíbrio está a chave da questão", projetou o executivo.
Reforçando a ideia do foco no colaborador e na questão do futuro do trabalho, Maucir Nascimento, cofundador da Speedio afirma que "está ficando cada vez mais claro que estamos evoluindo da robotização das pessoas para a humanização dos robôs. O futuro do trabalho é mais inclusivo, diverso, mais humano, mais sustentável. Saímos da cultura da produtividade, do tempo em movimento e hoje estamos na cultura do engajamento, na cultura do significado, de fazer o que se fala, de ter senso de propósito maior, dar exemplo, e ampliar para um nível mais profundo das relações entre as organizações", disse.