O Pix, desde seu lançamento em outubro de 2020, revolucionou o sistema financeiro brasileiro, tornando as transações mais ágeis, acessíveis e seguras. Com a facilidade de transferências instantâneas 24 horas por dia, sete dias por semana, o sistema foi amplamente aceito por consumidores e empresas. Seu sucesso é evidente: até setembro de 2024, mais de 169 milhões de brasileiros utilizavam o Pix, segundo dados do Banco Central.
Mas disso você já sabe.
O que talvez não saiba é que, a partir de novembro, novas funcionalidades e regras de segurança vão ser aplicadas ao Pix, buscando fortalecer sua confiabilidade e ampliar as possibilidades para empresas e consumidores.
As principais inovações no arranjo Pix incluem o Pix Automático e o Pix Agendado, ambos voltados para simplificar o dia a dia dos pagamentos. Com previsão de lançamento para junho de 2025, o Pix Automático oferece funcionalidades semelhantes às do débito automático, amplamente utilizado em contas de consumo, como luz, água, gás e telefonia. Por sua vez, o Pix Agendado, disponível desde 2021, já permite o agendamento de pagamentos futuros e, agora, contará também com a funcionalidade de recorrência, simplificando a gestão de pagamentos e oferecendo maior conveniência. Esses novos recursos integram e fortalecem o ecossistema Pix.
Para as empresas, essas funcionalidades ampliam as oportunidades de negócio, permitindo que clientes e fornecedores utilizem o Pix em uma gama maior de transações. Assim, empresas de diferentes setores poderão oferecer maior conveniência aos seus clientes, e explorar novos modelos de cobrança e gestão de pagamentos.
Além disso, outra importante alteração prevista está ligada ao aumento das fraudes nos últimos anos. Segundo dados de 2023, cerca de 2,5 milhões de golpes relacionados ao Pix foram registrados. Em resposta, serão estabelecidos limites de transação em dispositivos desconhecidos até que o usuário os valide como confiáveis, evitando que contas sejam acessadas sem autorização.
Vale reforçar que as novas regras de segurança trarão um grau de segurança ainda maior para o usuário final quando é detectado um acesso em novos dispositivos. Então, de certa forma, é necessário que as empresas avaliem seus fluxos de atendimento e experiência oferecida ao cliente, uma vez que, em casos específicos, o sistema bancário poderá requerer um cadastro desse novo dispositivo a ser utilizado.
Para minimizar fricções na experiência do usuário, uma abordagem eficaz seria a geração de uma chave criptografada no ecossistema da instituição financeira durante o cadastro do usuário, logo após a autenticação via reconhecimento facial. Essa chave atuaria como um token exclusivo, e, a cada transação, a instituição verificaria automaticamente se o token está associado ao dispositivo previamente registrado. Isso garantiria segurança reforçada sem comprometer a agilidade do processo.
Além de proporcionar uma camada extra de proteção, a utilização de reconhecimento facial como método de autenticação oferece uma solução moderna e cada vez mais aceita, alinhada às tendências tecnológicas atuais. Dessa forma, a instituição combina segurança robusta com uma experiência fluida, eliminando barreiras desnecessárias para o usuário enquanto fortalece seu ecossistema.
É inegável que o sistema financeiro precisa se adaptar constantemente às novas realidades e desafios. O aumento da sofisticação de golpes eletrônicos exige respostas rápidas e eficazes. As novas regras também vêm para demonstrar um compromisso com a integridade do sistema e a proteção dos usuários. Se as mudanças forem implementadas de forma inteligente e com flexibilidade, irão consolidar ainda mais o Pix como uma ferramenta confiável e segura.
Qualquer empresa ou instituição financeira que deseje oferecer o Pix a seus clientes precisa desenvolver uma estrutura robusta de análise cadastral e transacional. É essencial continuar investindo em soluções que acompanhem esses fluxos e que sejam continuamente atualizadas para se adaptar aos diferentes cenários do mercado.
A questão que surge, no entanto, é: qual será o impacto dessas regras no longo prazo? O equilíbrio entre segurança e praticidade é fundamental. Se as novas medidas forem percebidas como barreiras ao uso simples e rápido do Pix, isso pode afetar sua popularidade. Existem caminhos que as empresas podem seguir para fortalecer a segurança e melhorar a experiência do consumidor no uso do Pix, como autenticação multifatorial para compras, campanhas de conscientização, e notificações instantâneas que orientem o usuário em cada etapa da compra, entre outros.
Isso porque, se os consumidores se sentirem mais protegidos e confiantes, o Pix pode se consolidar ainda mais como a principal forma de pagamento no Brasil. Por fim, as novas regras do Pix previstas para novembro de 2024 são uma resposta necessária aos desafios enfrentados pela plataforma. Porém, é essencial que as medidas sejam implementadas de maneira a não comprometer o principal atrativo do Pix: a simplicidade e rapidez. O futuro do sistema dependerá da sua capacidade de se adaptar às exigências de segurança sem perder sua essência inovadora.
Danilo Porto, sócio da QI Tech.