Vou me desafiar a compartilhar contigo uma visão de como as coisas devem se desenrolar em 2025, pois enfrentaremos desafios e, por isso, me disponho a opinar sobre os caminhos e te ajudar a se preparar para o que vem adiante.
Não tenho pretensões proféticas, mas há momentos em que é mais fácil imaginar o futuro – pois algumas coisas não mudam, especialmente a reação dos seres humanos aos cenários de mudança, que é o que teremos em 2025. E, depois de 38 anos de mercado, auxiliando milhares de profissionais de TI e o mercado como um todo, me sinto no dever de expor aqui o "meu futuro", com os riscos de errar, mas com o benefício de trazer reflexão a todos.
Então… Bem-vindo! estamos no final de 2025 e vamos olhar para este ano incrível.
Em uma palavra, 2025 foi isso mesmo: incrível. Sabíamos em 2024 que as expectativas eram muito altas, com o crescimento global de TI em 9,3%, crescimento em Latam ainda maior; projetos de Data/AI; GenAI tomando muita força e anos de orçamentos apertados. Portanto, é hora de arrumar as estruturas que ficaram defasadas – tanto de infra, sistemas, serviços, processos e times.
Mas não imaginávamos como seria intenso. Já em janeiro de 2025, tivemos aprovação para acelerar nos ajustes e, ao mesmo tempo, na inovação. E com a instrução clara do acionista: "queremos ROI em semanas e, principalmente, antes e melhor do que nossos concorrentes". Como sempre, nós profissionais de TI tivemos de tomar decisões com urgência. E alguns de nossos projetos simplesmente não deram certo. Por quê?
É como no mandato de um prefeito. Ele prioriza inaugurar praças e monumentos a consertar coisas vitais como o esgoto: porque ninguém vê. Da mesma forma, saímos para o GenAI sem ter arrumado a casa. Dados, segurança, foco no negócio… esquecemos de tudo isto. Mas felizmente inventaram um termo para GenAI inconsistente: alucinação. "É a alucinação, pessoal!". Virou até meme.
Mas muitos profissionais de TI conseguiram "arrumar o esgoto". Revisaram suas plataformas de dados, simplificando e dedicando a organização dos ambientes a aplicação de GenAI. Também cuidaram da segurança da informação e da qualidade dos dados. E ainda conseguiram criar planos estruturados com as áreas de negócios, viabilizando quick-wins e retorno até mais rápido do que os que não fizeram o trabalho completo.
Mas 2025 não foi só GenAI. Após anos de limitações nos orçamentos, chegou a hora de rever toda a plataforma. Rever infraestrutura, por exemplo. Reavaliar os caminhos tomados desde o início da pandemia: muitas empresas revisaram sua infra, especialmente a parcela em cloud pública – se é para ficar, que seja com uma arquitetura moderna, escalável, flexível e por uso. "Hosting em cloud não", é o que muito se ouviu em 2025.
E quem ainda não tinha refletido, agora se tornou inevitável: cloud não é uma tecnologia autogovernável. A governança em cloud requer habilidades e ferramentais que não usávamos on-premise. O maior erro ao acreditar que cloud era "mais do mesmo" foi gerir cloud como geríamos um datacenter convencional. Os desperdícios, falhas de segurança, descontrole, ineficiência operacional, fracos planos de contingência e avaliação de performance mostraram que o assunto requer pensar diferente. E 2025 foi, portanto, o ano de subir a barra na governança de cloud, dados e IA, tudo com a mesma visão pragmática e objetiva.
Uma tendência que perdeu força em 2025 foi o FinOps. Justamente ao reforçar a governança, as empresas investiram em evitar desperdícios ao invés de corrigi-los. Com accountability e uma gestão mais focada, os desperdícios despencaram.
Multicloud, que ainda era tema de discussão se fazia ou não sentido, se tornou o novo normal em 2025. Empresas aprenderam seus benefícios, só permitidos devido à melhor governança dos ambientes. A fronteira agora é o multidata e o multiAI.
E 2025 foi mais um ano que nos surpreendemos com as pequenas empresas que puxaram a inovação do setor. Microsoft, AWS e Google continuaram liderando em data/AI mas pequenas empresas, fundadas sobre uma boa ideia e uma execução idem, começaram a conquistar seu espaço com modelos e abordagens genuínas.
Nos parece um passado distante quando processar GenAI era em GPUs. A mudança para CPUs mais adequadas, baratas e mais sustentáveis foi rápida e deixou vítimas no caminho, já que muito se investiu em infra com GPU. A fronteira agora está no software e não mais na infra.
Voltando a novembro de 2024. Bem, não sei, obviamente, se as coisas vão ser assim. É o que me parece, diante do que vejo hoje. Também não sei se gosto deste futuro, mas tudo indica que é nele que estaremos. Ainda dá tempo de ter foco para conquistar muito sucesso em 2025!
Maurício Fernandes, CEO e fundador da Dedalus.