O Facebook entrou na mira das autoridades britânicas após divulgar detalhes financeiros de suas operações, que revelaram o pagamento de apenas 3,2 milhões de euros em impostos sobre lucros na Irlanda. O valor é considerado baixo levando em consideração o 1,025 bilhão de euros de rendimento bruto, sem qualquer desconto, obtido no país.
Isso ocorre porque a rede social é estruturada de maneira a canalizar à subsidiária irlandesa todos os ganhos de qualquer localidade fora dos Estados Unidos. Ou seja, toda empresa não americana compradora de anúncios dentro do Facebook remete o pagamento à Irlanda.
Conforme explica o jornal britânico The Guardian, o valor é pequeno devido ao mecanismo contábil chamado de Double Irish. A manobra permite a multinacionais instaladas na Irlanda enviar remessas de grandes quantidades de dinheiro em forma de royalties a outros países. No caso do Facebook, aproximadamente 915 milhões de euros foram enviados às Ilhas Cayman e à sede na Califórnia sob a justificativa de licenças e pagamentos de royalties.
Depois das transferências, o Facebook Irlanda reportou um prejuízo anual de 18 milhões de euros, apesar de responder por 44% dos 2,38 bilhões de euros registrados na receita total da companhia.
Procurado, o Facebook se limitou a comentar a conformidade com todas as “regulamentações corporativas, incluindo aquelas relacionadas a impostos e informes fiscais”. Segundo a nota enviada ao jornal, a empresa escolheu instalar na Irlanda um de suas bases internacionais por ser a “melhor localização para contratação de mão de obra altamente qualificada para operar um serviço de alta tecnologia, multi-idioma, servindo toda a Europa”.
O chanceler britânico George Osborne prometeu à imprensa britânica combater a evasão de divisas, procedimento classificado como “inaceitável” em um discurso feito nesse mês. Segundo o político, o governo está direcionando recursos para garantir o pagamento apropriado de impostos por empresas estrangeiras no território do Reino Unido.