Na mesma proporção em que o número de estudantes universitários cresceu mais de 100% nos últimos anos, as vendas de livros acadêmicos caíram pela metade, causando um prejuízo aproximado de R$ 1 bilhão para o setor. A principal causa é uma velha conhecida: as fotocópias ou cópias xerox, como são mais conhecidas.
Segundo a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), que reúne algumas das mais importantes editoras de livros didáticos e técnicos do país, a expansão do ensino universitário brasileiro tem gerado novas formas de demandas. Dentre elas, destaca-se o interesse dos estudantes em adquirir apenas partes dos livros impressos. Foi com o objetivo justamente de combater a pirataria de livros e oferecer aos alunos a possibilidade de adquirir conteúdo legalizado, por meio de cópias fracionadas, que a ABDR criou o portal ?Pasta do Professor? (www.pastadoprofessor.com.br), lançado oficialmente em agosto do ano passado.
De acordo com Bruno De Carli, executivo responsável pelo portal, a segurança era um fator primordial para o sucesso do projeto. "As editoras são muito conservadoras em relação às novas tecnologias. E no mundo não há modelos de vendas de conteúdos fracionados na área editorial, o que foi um complicador, pois não tínhamos no que nos basear. A experiência mais próxima é a de vendas de músicas, que se mostrou ineficiente, pois a pirataria neste setor continua grande", comenta De Carli, acrescentando que falhas na segurança poderiam colocar em xeque todo o sistema e inviabilizar o projeto.
Várias empresas especializadas em segurança da informação foram consultadas, cada uma apresentando sua solução. Os requisitos eram que a compra deveria ser feita pela internet de forma simples e rápida, mas ao mesmo tempo extremamente segura, sem brechas para que os conteúdos fossem copiados ilegalmente. A empresa escolhida foi a Batori. "A solução apresentada pela Batori nos agradou muito, principalmente pela compreensão dos objetivos que queríamos alcançar e da confiança que nos passou. Segundo eles, no que concordamos inteiramente, toda a cadeia deveria estar segura, incluindo os pontos-de-vendas nas universidades e as oito editoras, até o momento, que fazem parte do portal, representando 14 selos e que cobrem 70% da demanda bibliográfica do setor", diz De Carli.
Para Renato Soriano Jr., diretor da Batori, é natural que o desenvolvedor do sistema se preocupe mais com a funcionalidade do que com aspectos de segurança. Porém, sempre é preciso analisar como a segurança irá impactar nos negócios da empresa. "No caso do portal ?Pasta do Professor?, o impacto seria muito grande, pois a possibilidade de falhas no sistema poderia gerar desconfianças, afastando tanto as editoras que hoje participam, quanto os estudantes, que continuariam a copiar os conteúdos de forma ilegal", explica.
No caso do portal ?Pasta do Professor?, a Bartori realizou uma análise de risco, fez toda a análise de aplicações e acompanhou a implementação. Esse processo também envolveu as oito editoras e o data center onde os conteúdos estão armazenados. No ponto-de-venda instalado na universidade, o aluno compra o conteúdo desejado, que chega pela Internet criptografado até o computador. "Para imprimir a cópia, a impressora possui uma placa especial, que decodifica o conteúdo. Para inibir que sejam feitas cópias simples desse conteúdo, é aplicada uma marca d'água em todas as páginas impressas, identificando o ponto-de-venda, além do nome e do CPF do aluno", explica Marques.
De Carli, responsável pelo portal, comenta que até o momento apenas a Lexmark disponibilizou esta placa em sua impressora a laser, mas que há negociações com outros fabricantes para a instalação. Em relação aos pontos-de-vendas, já são nove em todo o país ? FEA-USP de São Paulo, FEA-USP de Ribeirão Preto, Faculdade de Direito de Vitória, Faculdade Sumaré, Universidade Católica de Santos (Unisantos), Universidade Católica de Brasília, ESPM (São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre), Mackenzie e Unilins.