Depois de anunciar, no fim do ano passado, que pretende investir algo em torno de US$ 1 bilhão no Brasil nos próximos cinco anos, a Intel revelou nesta quarta-feira, 27, que vai instalar laboratórios locais de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A fabricante de chips assinou um acordo com o governo federal que prevê o investimento de R$ 300 milhões em P&D para o desenvolvimento e transferência de tecnologia ao país.
A assinatura do protocolo foi feita com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Ministério da Educação (MEC), e envolve incentivos para P&D de tecnologias da informação e comunicações (TICs) em áreas de interesse nacional. Inicialmente, os projetos terão como foco três áreas de inovação estratégicas ao país: transportes, em especial o emplacamento eletrônico de veículos — medida obrigatória em todos os veículos a partir deste ano —; petróleo, principalmente em sistemas para a extração de petróleo da camada do pré-sal; e em sistemas educacionais, área na qual a empresa já possui forte atuação.
Para colocar a iniciativa de pé, a Intel pretende firmar parcerias com universidades e centros de pesquisas para o desenvolvimento de soluções nessas três áreas. “O brasileiro é um ser inventivo e apaixonado por tecnologia, o país é o quarto mercado do mundo de PCs e o oitavo de TI”, salientou o presidente da Intel para América Latina, Steve Long, ao justificar a escolha do Brasil como principal centro de P&D da Intel na região.
A iniciativa utilizará o sistema de células de inovação. A Intel lançará projetos nas três áreas e o governo federal oferecerá, em contrapartida, bolsas para os pesquisadores que irão desenvolver as soluções e para a compra dos equipamentos que serão utilizados. “O financiamento também poderá ser para que os pesquisadores e professores universitários, envolvidos nesses projetos, se capacitem nos laboratórios da Intel no exterior”, completa Marco Antônio Raupp, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A ideia é fazer com que a colaboração de estrangeiros e brasileiros nos laboratórios da Intel irradie conhecimento e difunda a tecnologia de ponta. “Um professor — ou desenvolvedor — participa de uma atividade de desenvolvimento no exterior e, quando volta, compartilha o conhecimento em sua instituição ou empresa”, explica Fernando Martins, presidente da Intel Brasil. “O Brasil será a quinta maior comunidade de desenvolvedores do mundo. O papel da Intel é auxiliar a capacitar e ajudar esses desenvolvedores.”
Segundo a empresa, o projeto deve envolver diretamente pelo menos 300 pesquisadores brasileiros. “O país segue estável, e mantém programas importantes ligados à popularização da internet e de computador nas salas de aula. O Brasil está se tornando definitivamente a principal potência em TI na região da América Latina”, completa Long
A novo acordo faz parte de um plano mais amplo, o Programa Estratégico de Software e Serviços de TI, conhecido como TI Maior, que pretende ampliar o mercado e a pesquisa de tecnologia da informação no país. Entre as ações do programa está a parceria com multinacionais da área para a implantação de centros de pesquisa no território nacional.
A Intel é a terceira companhia a aderir ao programa, lançado em agosto do ano passado. Microsoft e IBM já estão em processo de implantação de seus centros brasileiros de P&D. “Estamos desenvolvendo uma forma de certificação, o CerTICs, para que os produtos fabricados por meio desse tipo de parceria tenham vantagens em compras governamentais”, completou o ministro Raupp.