O processo aberto pela HP contra a Oracle, por ter decidido que não irá mais produzir o microprocessador Itanium, pode estar próximo de ir a julgamento. É o que revela documentos das empresas aos quais teve acesso o blog de tecnologia All Things Digital, ligado ao The Wall Street Journal. O caso se arrasta desde o ano passado na Corte Superior do Condado de Santa Clara, na Califórnia, mas ainda está longe de resolução.
Tanto a Oracle quanto a HP solicitaram à Justiça uma decisão preliminar antes de se enfrentarem no tribunal, o que aumenta a pressão para o estabelecimento de uma data para o julgamento. As defesas entregaram documentos apresentando sua versão dos fatos e trouxeram à tona as linhas de argumentação que provavelmente irão adotar no tribunal.
O litígio teve início quando a HP impetrou uma ação solicitando que a Oracle volte a fornecer suporte ao processador da Intel, que é usado em vários modelos de servidores da empresa. A HP alega que o anúncio da descontinuidade do suporte ao chip de 64 bits viola o compromisso que a fabricante de software assumiu com a empresa e com mais de 140 mil clientes da tecnologia.
A Oracle insiste que a HP e a Intel estão mentindo sobre a continuidade do chip Itanium no mercado. Para ela, as próximas duas gerações do microprocessador serão as últimas e existirão apenas devido um acordo artificial e fraudulento entre elas para garantir a sobrevida do produto. Isso justificaria o fim do suporte da Oracle aos servidores com tal componente. "Não acreditamos, tampouco achamos que a HP realmente acredita, que o conhecimento relacionado ao cargo que Mark Hurd ocupa obriga a Oracle a fazer novos software para uma plataforma claramente no fim de seu ciclo de vida. Estamos satisfeitos que a corte agora tenha evidências necessárias para ver o suposto contrato que a HP reivindica", diz a defesa da fabricante de software.
Quando a Oracle anunciou que estava abandonando o suporte ao Itanium, alegou que a HP sabia que a Intel estava planejando parar de fabricar o chip "com conhecimento de retenção" das informações aos clientes. A HP diz que a Oracle sabe que a afirmação é falsa porque o seu copresidente, Mark Hurd, ocupava o cargo de CEO da HP até o ano passado. "Além disso, acreditamos que essa ação força clientes da HP a migrar para as plataformas da Oracle", disse a HP por meio de comunicado em seu blog corporativo na abertura do processo. Nesta terça-feira, 27, a fabricante enviou uma nota reforçando seu posicionamento no caso, e cita as palavras de Hurd, que definiu a HP como "uma parceira importante" e afirmou que "é claro que todo software da Oracle continuará a operar em equipamentos da HP e vamos ajustá-lo para fazê-lo funcionar".
Em janeiro, a Justiça recusou a acusação da Oracle de que a HP de teria pago US$ 690 milhões à Intel para que o microprocessador Itanium não fosse tirado de produção, mas a Oracle reafirmou a existência do tal acordo. “O status do Itanium, seu fim, está sendo mantido como um dos segredos mais guardados da HP, à parte de clientes, parceiros e funcionários, a fim de evitar mais um motivo para deixar de vender os servidores e continuar a dissolver seus lucros”, rebate a Oracle, evidenciando a insistência na argumentação.