O PayPal, sistema de pagamento online controlado pelo eBay, enfrenta um impasse na medida em que ultrapassa os limites da internet e passa a oferecer serviços complementares, como pagamentos por meio de dispositivos móveis (m-payment). Tanto que a administradora americana de cartões de crédito MasterCard promoverá, nesta semana, um debate para detalhar as taxas que pretende cobrar das empresas de tecnologia, devido ao uso de suas redes para processar os pagamentos feitos em lojas físicas.
"O PayPal pega carona gratuita em outros modelos de negócio", afirmou o presidente de MasterCard para as Américas, Chris McWilton, conforme informa o Financial Times. "Acho que devemos tomar cuidado para que eles não fiquem muito grandes e comecem a 'acordar' os agentes. Parar e dizer 'espere, na verdade estou perdendo negócios aqui porque você, PayPal, está chegando às lojas físicas'", provocou o executivo.
A ameaça de cobrança de taxas sobre o serviço fez com que as ações do Ebay registrassem ligeira queda, após um período de estabilidade que se vinha mantendo desde o início do ano, cotadas em torno de US$ 50 no after-hours trading, negociação após o fechamento da Nasdaq, na terça-feira, 26.
No Brasil, o PayPal firmou recentemente uma parceria com a Vivo para oferecer mobile payment. Essa modalidade de pagamento é uma das grandes apostas do mercado e será, inclusive, regulamentada pelo Banco Central. Segundo recente pesquisa do Barclays no mercado britânico, a cada cinco varejistas, quatro indicam um sistema de pagamentos móveis dentro das lojas como prioridade de investimento em 2013. Conforme a tecnologia ganha força, as administradoras de cartões começam a se manifestar.
A intenção de cobrança pelo uso da rede em casos como o do PayPal foi expressa pela primeira vez pela MasterCard em um documento protocolado na Securities Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos EUA. Nele, a companhia afirma que irá "taxar o PayPal e outras operadoras de carteiras digitais pelo uso da rede privada".
O CEO da Visa, Charlie Scharf, sinalizou que vai pelo mesmo caminho em recente evento do Barclays. "Alguns dos nossos competidores começaram seus negócios de uma maneira e depois se transformaram. Se essa mudança foi grande o suficiente ao ponto de acreditarmos que podemos fazer algumas mudanças, faremos", concluiu.