Desde a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o cargo de DPO passou por uma transformação significativa. Criado por exigência legal, inicialmente foi incorporado por profissionais de áreas diversas – muitas vezes por conveniência ou por um impulso momentâneo do mercado. Hoje, porém, o papel demanda habilidades técnicas, jurídicas, comunicacionais e, principalmente, visão de negócio.
Walter Calza Neto, DPO do Corinthians, destaca que o DPO não pode estar limitado à burocracia: precisa circular entre as áreas, entender as dores do TI, o impacto das decisões no marketing, e saber se comunicar com o conselho da empresa. "Você tem que ser meio um camaleão. Tem que traduzir o jurídico para o TI e o técnico para o negócio", afirma.
Para ele, a autonomia é um fator essencial para o sucesso do profissional de proteção de dados. "Não adianta ser o estagiário da estrutura e achar que vai bater na porta do presidente para dizer que ele está errado", comenta. Segundo Calza, o DPO deve ser uma figura com credibilidade suficiente para propor mudanças relevantes, inclusive no modelo de negócio da organização.
Outro ponto central é a complexidade do papel. O profissional precisa dominar temas de direito, compliance, segurança da informação e ter uma visão holística da empresa. "Não é sobre saber a LGPD de cor. É sobre saber aplicá-la no contexto da sua organização, dialogando com áreas diferentes e apontando caminhos viáveis para mitigar riscos", reforça.
Apesar do avanço na profissionalização, Calza avalia que boa parte das empresas ainda não está plenamente adequada à LGPD. "Talvez 30% estejam realmente comprometidas com a legislação. E mesmo entre essas, são poucas que conseguem apresentar um relatório completo de atividades em caso de fiscalização", alerta.
No episódio de hoje de O Tal do Hacking, Bruno Lauterjung e Felipe Thomé recebem Walter Calza Neto, DPO do Corinthians, para um bate-papo direto sobre os desafios, erros e bastidores da proteção de dados no Brasil. Confira a entrevista completa: