Em visita ao Brasil, o primeiro-ministro português José Sócrates afirmou nesta quinta-feira, 27, que a Portugal Telecom (PT) é uma empresa estratégica para o governo e, por isso, tem interesse em evitar uma redução do alcance global da operadora, o que ocorreria caso vendesse sua participação na Vivo. "É por isso, aliás, que temos uma 'golden share'. Para nós, [a PT] é estratégica se for uma empresa grande, se tiver uma ambição de participar naquilo que é a economia global, de estar presente em vários continentes, como na África, no Brasil."
Na semana passada, a Portugal Telecom anunciou que o seu conselho de administração rejeitou a oferta de 5,7 bilhões de euros feita pela espanhola Telefónica por sua participação na Vivo. A golden share na Portugal Telecom dá direito de veto ao governo português em decisões estratégicas.
Em entrevistas a jornalistas em São Paulo, o primeiro-ministro afirmou querer "que ela [a PT] continue assim, porque só continuando assim, com dimensão e com escala fomenta em Portugal os projetos que são essenciais nas áreas de inovação, engenharia, industrial, de ciência e desenvolvimento". "A importância que a PT tem para o nosso desenvolvimento resulta da sua dimensão e da sua escala. Isso é o mais importante contributo que a PT pode dar ao desenvolvimento do país", afirmou o chefe do governo português, acrescentando que a golden share existe e para ser utilizada, se for necessário. "Se for necessário, utiliza-se."
No início da tarde desta quinta-feira, notícia veiculada pela agência Bloomberg dava como certo que Carlos Slim – que detém a América Móvil, maior rival da Telefónica na região, e dona da Claro e da Embratel – estava em contato com a PT para comprar parte da empresa, numa jogada para evitar que os espanhóis ficassem com o controle da Vivo, impedindo ainda a possibilidade de uma oferta hostil da Telefónica.
No entanto, poucas horas depois, Arturo Elias, porta-voz de Slim, garantia ao The Wall Street Journal que não existia qualquer interesse do magnata mexicano de ingressar na PT como parte da estratégia para ampliar a participação do grupo no mercado brasileiro.
Manter o foco
Em meio à autêntica batalha que vem sendo travada entre os grupos português e espanhol pelo controle da empresa, o presidente da Vivo, Roberto Lima, disse que a operadora brasileira está tentando não ser afetada pela disputa entre os acionistas. "O esforço é para manter a empresa com foco nos seus negócios, nos seus clientes, para não ser prejudicada pela disputa", disse ele, após um encontro com o primeiro-ministro. Lima, no entanto, evitou comentar o mérito da disputa entre os dois controladores, limitando-se a dizer que a direção da operadora acompanha os desdobramentos da negociação. Ele reconheceu, porém, não ser "fácil" preservar a Vivo dos efeitos da disputa entre dois grupos e disse esperar que as negociações sejam resolvidas. Com informações da RTP, Agência Lusa e The Wall Street Journal.
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