Passados dez anos do processo de finalização da privatização do setor de telecomunicações, concluído em 1998, as empresas empregam menos trabalhadores do que no período em que estavam sob o regime estatal. É o que aponta estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego.
No trabalho, denominado "O Emprego no Setor de Telecomunicações após a Privatização", o Dieese analisou dois períodos: de 1994 a 2005 e de 2006 a 2007. Nos primeiros quatro anos, foi constatada queda de 16% nas vagas, o que é justificado pela preparação da transferência do setor público para o privado, concluído em 1997.
Nesse período, ocorreram tanto os programas de demissão voluntária (PDVs) quanto a terceirização de serviços, entre as quais estão as áreas de vigilância e limpeza. De 1999 até 2005, ocorreram quatro baixas seguidas com o pior resultado, em 2003, quando o número recuou para 88,1 mil postos de trabalho formais, ante 106,4 mil em 2002 e 128,5 mil, em 1994. Em 2005 houve uma recuperação, subindo para 118,1 mil empregos, mas ainda assim 8,1% inferior ao maior volume da série histórica (1994).
Além disso, o estudo aponta também que houve mudanças no perfil de contratações, com um aumento da participação da mão-de-obra feminina e de absorção de trabalhadores com curso superior. Em 1997, o total de empregados no setor somava 34,7%, percentual que pulou para 41,1%, em 2005. Em 2007, 63% dos cargos eram ocupados por homens e 37% por mulheres.
A pesquisa também constatou a preferência por candidatos mais jovens. O preenchimento de vagas na faixa até 24 anos, que atingia 10,8% em 1997, subiu para 23,8% em 2005, com idade média do quadro de pessoal passando de 37,6 anos para 31,9 anos. Segundo o relatório, em 2007, predominava a faixa entre 25 e 39 anos.
Quanto ao nível de escolaridade, 19,8% dos aprovados nos testes de seleção em 1997 tinham o concluído o ensino superior. Já oito anos depois, em 2005, esse universo aumentou para 35,2%. No entanto, em 2007 as ocupações mais representativas do setor não exigiram que o trabalhador tivesse nível superior de escolaridade. A procura maior foi para as funções de escriturários, agentes, assistentes e auxiliares administrativos (13%, seguido de técnicos em telecomunicações (13%) e operadores de telemarketing (11%).
Os salários médios pagos não acompanharam essa evolução, conforme o estudo. Nos primeiros anos da série a remuneração alcançava a média de R$ 3,1 mil mensais, valor que caiu para R$ 2.757, em dezembro de 2007, ano em que o total de empregados somou 123 mil pessoas. Entre 2006 e 2007 aumentou em 53% o total de empregados com baixa remuneração, que varia entre um e dois salários mínimos.
Apesar de indicar um movimento de recuperação no emprego, a partir de 2003, o estudo revela ainda que as ofertas ficaram concentradas na região Sudeste (69%), com quase a metade das contratações (45%) realizadas em São Paulo e 17% no Rio de Janeiro. No Sul do país foram identificadas 14% das vagas; no Nordeste, 8%, e no Norte, 2%. Com informações da Agência Brasil.
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