Os sites de compras coletivas, que oferecerem produtos e serviços com descontos de até 90%, se tornaram uma verdadeira febre no Brasil – e no mundo – nos últimos meses e, segundo projeção da IDC, devem movimentar mais de R$ 1 bilhão neste ano. Mas o que parece ser um bom negócio para empresas e consumidores, já começa a ser visto com desconfiança, tanto por um quanto por outro.
Um levantamento feito pela Frost & Sullivan com as dez maiores empresas do setor no Brasil e 400 consumidores aponta que apenas três delas dominam o mercado. A razão disso, segundo a empresa de consultoria e pesquisa, é a extrema pulverização de sites, que surgem de um dia para o outro. Estima-se que, em menos de um ano, mais de mil sites de compras coletivas tenham entrado no ar no Brasil.
Entre os efeitos da fragmentação, o analista da Frost & Sullivan Fernando Belfort aponta a baixa competitividade. Segundo ele, os três maiores sites de compra em termos de penetração entre usuários com acesso à internet – Peixe Urbano, Groupon e ClickOn – detêm hoje a maioria dos clientes porque os consumidores não veem diferencial na experiência de compra e optam por utilizar qualquer um deles. "O Brasil é hoje um dos países com o maior número de sites de compras coletivas no mundo. E isso traz um desafio maior para as empresas, que é aumentar a fidelização dos clientes", explica.
Belfort observa que não existe também a preocupação em melhorar o atendimento ao cliente na pré e pós-venda, bem como em investir em novas tecnologias. "A homogeneização das ofertas, com falta de ofertas especializadas que usem tecnologias de marketing e de TI, contribuem para esse cenário."
O analista da Frost & Sullivan avalia, contudo, que o vertiginoso aumento do número de competidores abriu espaço para uma série de tendências derivadas do conceito de compras coletivas, tais como a criação dos chamados agregadores, que concentram as ofertas de diversos sites em uma só plataforma, a segmentação de ofertas em um único mercado, como viagens e moda, e sites que revendem cupons que já foram adquiridos.
O estudo constatou, ainda, que, embora o uso de sites de compras coletivas por parte da população com acesso à internet seja relativamente alto, o grau de interação dos usuários com as plataformas ainda é baixo. Apesar de 70,4% dos entrevistados terem afirmado possuir contas em diversos sites de compras coletivas, a grande maioria realiza um número reduzido de compras mensalmente (43,9% afirmaram que não costumam realizar compras) e o valor mensal médio gasto nos sites também é baixo – cerca de R$ 49. Belfort diz que é interessante notar, entretanto, que o nível de satisfação com os serviços é geralmente alto e dentre os principais pontos críticos citados estão o número reduzido de ofertas em cada site e a baixa qualidade dos anúncios, que nem sempre explicam com clareza os detalhes da oferta.
"A expectativa para os próximos anos é que haja uma consolidação do mercado, além de um nível maior de maturidade tanto por parte das empresas quanto por parte dos hábitos de consumo dos usuários", finaliza Belfort.
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