O mercado de investimentos está bastante aquecido. A redução da taxa de juros e da inflação geraram uma liquidez que antes não existia e, acredite, há muito dinheiro na mesa. Ao mesmo tempo, temos poucas opções de investimentos em empresas nacionais, especialmente nas de tecnologia.
A boa notícia é que esse cenário começou a mudar nos últimos anos. GetNinjas, Meliuz, Enjoei e Locaweb são apenas alguns dos exemplos de empresas que ingressaram nessa jornada recentemente e colheram bons frutos. Em um ano, a presença da tecnologia na B3 triplicou, de quatro para doze. A Totvs, em 2006, puxou a fila. Hoje, juntas, as 13 companhias do setor de tecnologia listadas na B3 somam mais de R$ 63 bilhões em valor de mercado, segundo a Economatica.
À medida que o mercado se recupera, um indicador comum de sucesso que muitos observadores de IPO continuam a aplicar é o aumento no preço das ações no primeiro dia de negociação. Isso aconteceu exatamente aqui no Brasil. Durante o boom de IPOs nos Estados Unidos da década de 1990, alguns consideraram um aumento de dois dígitos como a medida do sucesso do IPO. Outros extraíram uma referência dos chamados dobradores diários, ou IPOs que dobraram o preço das suas ações no primeiro dia.
Como o mercado é promissor, e poucas companhias figuram na bolsa, ainda há muito espaço para empresas de tech iniciarem seus processos de IPO no Brasil. Não é exagero nenhum dizer que a B3 já começa a tirar os olhares da Nasdaq.
O IPO em solo nacional é uma saída bastante atraente para as empresas, que conseguem levantar dinheiro mais rapidamente com custo mais baixo para atingir seus objetivos de crescimento, e ainda para os investidores, que terão em mãos ações com ótimos rendimentos nos médio e longo prazos, já que o setor de tecnologia deve injetar R$ 845 bilhões no Brasil até 2024, segundo a Associação Brasileira de Empresas do setor de TIC (Brasscom).
Outro ganho esperado para as empresas de tecnologia que abrem seus capitais inclui obter mais recursos para aquisições, uma vez que mercado hoje acena com a possibilidade de grandes consolidações.
Com boa aceitação, a abertura de capitais está agora criando uma grande corrida por novas companhias na B3. Nós também estamos de olho. Essa movimentação é bastante positiva e já há empresas na fila do IPO e outras namorando a iniciativa.
Fernando Alonso, CFO da Plusoft.