Projetos piloto de redes smart grid começam a decolar no país

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O Ministério das Comunicações espera que a portaria que regulamenta a Lei 12715, que desonera os serviços de comunicação machine to machine (M2M) de impostos como PIS e Cofins e das taxas do Fistel, sirva para incentivar os projetos de smart grid (redes inteligentes) que estão sendo implantados pelas companhias de eletricidade no país. A informação é é de Maximiliano Salvadori Martinhão, secretário do Ministério das Comunicações, que participou nesta terça-feira, 27, de painel de abertura do 5º Fórum Latino-Americano de Smart Grid.

"Um modem GPRS paga hoje R$ 26 no primeiro ano e R$ 13 no segundo ano de taxa de fiscalização do Fistel. A proposta é   que esses valores sejam reduzidos para R$ 8 no primeiro ano e R$ 2 no segundo", explicou.

Para ele, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) pode ser um aliado na implantação das redes de smart grid no país, motivo pelo qual o ministério, Anatel e Aneel estão trabalhando em conjunto para incentivar os setores de energia e telecomunicações, com isenções de impostos não só para equipamentos, mas também serviços de obras civis, que têm participação relevante de custos dos projetos de redes.

A rede do PNBL hoje atende 63 mil escolas do pais e está previsto para 2013 a inclusão de mais 82 mil escolas rurais. "São projetos de caráter social, como também são os de smart grid, por isso vemos a possibilidade de um trabalho conjunto", acrescentou Martinhão.

Para o secretário é momento de fazer uma reavaliação do plano de smart grid, que ainda não tem uma lei direcionada ao mercado. Martinhão disse que o ministério já publicou portarias para incentivar o setor desde 2009, como o do PLC e telemetria, mas não houve o retorno esperado. Fazendo uma analogia com o projeto do padrão nipo-brasileiro de TV digital, adotado em 34 países, o secretário disse que existe potencial do pais repetir a mesma estratégia, gerando retorno financeiro para as empresas do setor, stakeholders, consumidores, capacitação profissional e de criação de uma indústria de equipamentos. Outra preocupação do Minicom é que as redes de comunicações sejam seguras e preparadas contra qualquer tipo de ataque.

Capacitação

Apesar da falta de uma política para o setor de smart grid, das pressões regulatórias, qualidade de serviços e de custos, os executivos presentes ao painel de discussão do evento acreditam que a adoção dessa tecnologia seja inevitável. Diretores da AES-Eletropaulo, Cemig, CPFL e Light apresentaram diversos projetos pilotos que estão em andamento nas companhias.

Uma preocupação comum aos executivos é o apagão de mão de obra, não só em nível universitário, mas também na área técnica. "Trabalhar com equipamentos de informática e elétricos não é tão fácil assim. Medidores inteligentes, religadores automáticos, incluem hardware e software, que exigem conhecimento. Ao mesmo tempo existe um envelhecimento da mão de obra do setor, que exige uma renovação", explicou Denys Claudio Cruz de Souza, superintendente de Desenvolvimento de Engenharia e Distribuição da Cemig.

Fábio de Oliveira Toledo, diretor de tecnologia (CTO) da Light do Rio de Janeiro, acrescenta que por isso na empresa não existe o cargo de CIO sim de CTO, pois as duas áreas são integradas. "No Rio de Janeiro temos dificuldade em relação à mão de obra, pois devido às características do estado os engenheiros são atraídos pelo setor de petróleo."

Para atrair profissionais em todos os níveis, a Light vai inaugurar em maio de 2013 um centro de 400 metros quadrados, que simula uma "cidade inteligente", o qual servirá para promover conhecimento sobre smart grid, inclusive para alunos do 1º e 2º graus, com o uso de kits educacionais. Além disso, junto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está estruturando um curso de pós-graduação.

A companhia está desenvolvendo várias iniciativas de smart grid. Em parceria com a Cemig, trabalha num projeto de evasão e desperdício de energia. Para carros elétricos da Mitsubishi, desenvolveu um carregador que ao mesmo tempo fornece informações sobre consumo de energia, do comportamento do motorista na direção, que proporciona previsibilidade e economia de custos.

A Light também está instalando no bairro do Leblon e na comunidade de baixa renda São Sebastião medidores integrados de energia, água e gás, avaliando a sinergia entre os elementos de tecnologias diversas. A empresa também oferece aos usuários de smart grid informações através de redes sociais, como Twitter, MSN e Facebook, para que ele possa acompanhar seu nível de consumo, incluir alertas de consumo, fazer comparações etc, através do portal ou dispositivo móvel. 

A CPFL desenvolve quatro projetos de smart grid, para os qual estão alocados 50 profissionais internos e 60 das empresas parcerias, explicou Paulo Ricardo Bombassaro, diretor de engenharia, explicando que fazem um acompanhamento dos projetos em parceria com a IBM, analisando as melhores práticas e experiências de operadoras em todo o mundo.

Um deles envolve cinco mil religadores que se reconfiguram telecomandados, que devem estar instalados até o fim de 2013. Outro é de telemedição para 25 mil clientes de alto consumo. A CPFL também está equipando cerca de mil equipes de campo para otimizar esse tipo de atendimento e expandindo sua rede de telecomunicações com tecnologia Mesh para dar suporte a esses projetos. "Em outubro passado 3,6 mil religadores já estavam operando", explicou.

Maria Teresa M.T. Vellano, diretora regional da AES Eletropaulo, disse que a empresa está repensando os diversos projetos pilotos que acontecem em paralelo, para se concentrar naqueles que são completos. "A empresa resolveu investir em projetos estruturantes, que batizou de Cidade Digital, onde está definida a área, o roadmap e as tecnologias envolvidas, uma vez que a Eletropaulo concentra 6,4 milhões de consumidores em apenas 24 municípios. O único projeto isolado foi uma solicitação da Prefeitura para instalações de totens de carregamento do Taxi Elétrico, mas cujo investimento esta sendo considerado como promoção institucional", explicou.

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