Entre altas expectativas e muitos receios, a inteligência artificial (IA) segue crescendo de forma exponencial em todos os setores. Muitas tendências vêm sendo discutidas e, apesar de ser impossível adivinhar com precisão qual o avanço que 2024 vai providenciar nesse sentido, especialistas já estão apostando suas fichas.
É o caso de Andréa Migliori, CEO da Workhub, segundo ela, há cinco principais pontos que devemos ver com mais força no próximo ano: comunicação aprimorada, melhoria de produtos e serviços, foco em segurança, treinamento humano e ainda mais automação de processos.
1- Comunicação aprimorada
"A comunicação é uma das áreas que mais vem sendo impactada pela IA recentemente, e agora é hora dessa relação se firmar", diz a CEO.
Conforme as IAs conversacionais aprendem mais sobre as linguagens humanas, melhores ficam os chatbots e as demais ferramentas de interação com as pessoas. Haverá mais clareza nas mensagens e mais possibilidades de economizar tempo de atendentes com demandas mais complexas, em diversos segmentos. Na saúde, por exemplo, seria possível evoluir atendimentos que costumam ser demorados, automatizando a coleta de dados, pedidos médicos e encaminhamentos.
De acordo com Andréa, a forma de se comunicar pode ser bastante transformada, tanto entre marcas e clientes quanto entre pessoas em seus cotidianos. "Uma coisa que planejamos fazer já no começo de 2024, na Workhub, é disponibilizar um serviço de atendimento por IA para o RH de clientes. Muitas questões podem ser resolvidas de maneira automatizada, dando tempo para profissionais se concentrarem em outras questões da equipe. Imagine empresas com milhares de pessoas colaboradoras, como a IA agilizaria a comunicação desse setor?", sugere a especialista.
2- Melhoria de produtos e serviços
Além das mudanças que podem ser aplicadas nos negócios a partir da comunicação por IA, existem várias outras transformações possíveis. Produtos e serviços que já existem podem encontrar brechas para aplicar a tecnologia e se tornarem mais eficientes, ágeis, menos custosos, enfim: mais competitivos.
Andréa usa o exemplo das redes sociais: "Atualmente, os algoritmos causam bolhas na internet. Isso já começou a ser alterado, aos poucos, especialmente a partir do sucesso do TikTok, que se baseia na recomendação de novos conteúdos, ao invés de ficar só naquelas mesmas 30, 40 contas que você segue e interage. Mas ainda é preciso aprimorar mais, e acredito que a IA vai auxiliar nisso".
3- Foco em segurança
O avanço da IA também significa novas necessidades em termos de segurança de dados e do próprio uso das ferramentas. Como as mudanças são rápidas, ainda devem surgir regulamentações em diversas áreas sobre o assunto, mas isso não se restringe aos governos: as empresas e as pessoas, de modo geral, também precisam se atualizar.
"Já temos uma atenção maior para perigos como vazamento ou cruzamento de dados, o que é ótimo, mas a IA traz mais peças para a mesa. O que fazer com o risco das pessoas se sentirem enganadas ao não saberem se determinada interação ou conteúdo é feito com IA? Ou quando a IA acaba passando uma informação equivocada, e alguém segue uma orientação que não deveria? Tudo isso precisa ser debatido, e acho que 2024 vai abrir mais o leque dessas discussões", afirma Migliori.
Assim, a tendência é que surjam mecanismos de identificação de IAs, mais debates públicos sobre questões éticas e de segurança das ferramentas, e orientações para que as pessoas saibam como usá-las de forma segura — o que leva ao próximo ponto.
4- Treinamento humano
As mudanças sociais nem sempre acompanham o avanço tecnológico. Grande parte das pessoas, mesmo que ouçam falar sobre inteligência artificial e até conheçam o ChatGPT, por exemplo, ainda não entende exatamente o que pode ser feito, quais são os benefícios e os possíveis riscos.
Por isso, uma tendência para o futuro próximo é o treinamento das pessoas para lidar cada vez melhor com IAs. Isso pode partir de empresas, para suas equipes e clientes, ou dos governos. E também envolve entender os impactos da tecnologia, inclusive em relação a um dos temas mais falados, que é a substituição dos cargos e a perda de empregos.
"Muita gente está assustada e muita gente nem sabe o que está acontecendo. É como pensar na primeira Revolução Industrial, ou quando os computadores surgiram e ninguém entendia como funcionavam. No fim, todos nós nos adaptamos, novos empregos foram criados e a sociedade continuou. É o que a inteligência artificial está fazendo, também, e precisamos estudar e aprender. E isso indo além dos produtos, porque nos acostumamos a conhecer a tecnologia apenas através dos produtos que a usam, ao invés de entender, de fato, como a IA funciona, qual a base daquilo ", explica Andréa.
5- Automação de processos
Todas as tendências acabam passando por aqui. A automação de processos é o que vai melhorar a comunicação, os produtos e serviços, é o que precisa ser compreendido pelas pessoas, e certamente fará parte também dos dispositivos de segurança.
Toda vez que atividades operacionais são automatizadas, as empresas ganham em eficiência e economia. Tarefas repetitivas tendem a desaparecer das mãos humanas. Por sua vez, as pessoas devem ocupar cada vez mais papéis estratégicos e de tomada de decisões, inclusive ao operar as IAs.
"Tudo que pode ser automatizado, vai, e isso é bom para o ecossistema de qualquer negócio. Na Workhub, quando recebemos feedbacks de clientes felizes com a produção de conteúdo da intranet por IA, ninguém diz que realizou demissões por conta da ferramenta. Pelo contrário, conseguiram realocar essas pessoas ou melhorar o uso do tempo delas, e isso gera mais qualidade de trabalho. No fim, a automação e a IA, de forma geral, vão seguir com seu propósito: melhorar processos, reduzir custos e aprimorar experiências", conclui Andréa.