Os protestos pelo fim do regime político no Egito se intensificaram nesta sexta-feira, 28, depois que o governo local decidiu cortar praticamente todas as formas de comunicação do país, inclusive o acesso aos meios de comunicação de massa. Na quinta-feira, 27, o presidente egípcio Hosni Mubarak ordenou que o acesso à internet, serviços de telefonia celular e a mensagens SMS fosse bloqueado em algumas cidades, inclusive no Cairo, capital do país.
Os protestos eclodiram no início desta semana. Os populares exigem o fim do regime político, comandado pelo general Mubarak, de 82 anos, que está no poder há 30. Os manifestantes consideram o regime atual ditatorial, corrupto, repressor e rendido aos interesses dos Estados Unidos. Desde 1950, o Egito teve apenas quatro presidentes, todos militares.
As manifestações se intensificaram nesta sexta depois que a polícia cercou o acesso às mesquitas no Cairo e em algumas cidades próximas, no horário tradicional das orações. Em resposta, os egípcios atiraram pedras e areia nos policiais, exigindo que o presidente Mubarak deixe o poder e que as comunicações no país sejam restabelecidas. A polícia, por sua vez, respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Blogs estrangeiros, cujos autores estão radicados no Cairo, mas usam conexões baseadas em outros países, afirmam ter visto autoridades egípcias ordenando o desligamento de todos os roteadores e equipamentos de acesso às redes de telecomunicações do Egito. A operadora de telefonia Vodafone, controladora da Vodafone Egito, informou, em comunicado, que recebeu ordens do governo egípcio de cessar seus serviços no país imediatamente, como forma de tentar controlar o levante popular.
O maior provedor de acesso à internet do país, o Seabone, cujos servidores estão baseados na Itália, também informa que não há tráfego de internet no país desde à 0h30, no horário local, de ontem (20h30, horário de Brasília).
Os protestos desta sexta ficaram conhecidos como "sexta-feira sangrenta", ao passo que a terça-feira, 25, dia do início das revoltas, foi apelidada de "o dia da cólera".
O Egito é um dos únicos estados árabes que possui relações com Israel. Além disso, é o país da região que mais recebe ajuda financeira dos Estados Unidos – cerca de US$ 2 bilhões por ano. Com informações do New York Times, The Wall Street Journal, do blog Renesys e de agências internacionais.
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