Apesar da crise, mercado de TIC no Brasil deve crescer 2,6% neste ano, projeta IDC

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O mercado brasileiro de tecnologia da informação e comunicações (TIC) deve crescer 2,6% neste ano na comparação com 2015, de acordo com projeção da IDC Brasil. O índice é baixo, mas não chega a ser surpresa, visto que o difícil cenário da economia brasileira condiciona os investimentos, de acordo com Denis Arcieri, diretor geral da consultoria.

O dado positivo, segundo ele, é que isso desafia as empresas a melhorarem a eficiência e desenvolverem diferenciais competitivos, abrindo oportunidades para soluções tecnológicas escaláveis e flexíveis, baseadas na chamada 3ª Plataforma, que são uma tendência importante para o ano.

De acordo com a IDC Brasil, novos modelos de negócios continuarão a ganhar espaço em 2016, suportados pelos pilares da 3ª Plataforma, computação em nuvem, mobilidade, mídias sociais e big data. Para Pietro Delai, gerente de consultoria e pesquisa para o mercado corporativo da consultoria, mais da metade das empresas no Brasil embarcarão na era DX-Digital Transformation neste ano, estreitando a relação entre TI e linhas de negócios. Segundo ele, soluções baseadas em modelos colaborativos ou de compartilhamento, e novas aplicações desenhadas para rodar em cloud e oferecer uma experiência consistente ao usuário final, em qualquer lugar e em qualquer dispositivo, estarão em foco.

Já as vendas de dispositivos móveis, de acordo com Reinaldo Sakis, gerente de consultoria e pesquisa para o mercado de consumo da IDC Brasil, ainda que em queda na comparação com o ano passado e apesar da retração no mercado consumidor, devem ficar em torno de 40 milhões de celulares, 6 milhões de PCs e 5 milhões de tablets.

A Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), por sua vez, deve movimentar US$ 4,1 bilhões no Brasil neste ano. No mercado corporativo, a IDC Brasil avalia que as empresas migrarão aplicações tradicionais, como telemetria e monitoramento, para o paradigma de IoT. Fornecedores de equipamentos e desenvolvedores de plataformas, software e soluções industriais intensificarão o lançamento de soluções de IoT customizadas e em escala para as empresas.

Dispositivos conectados

No âmbito doméstico, pesquisa recente a IDC constatou que em cerca de 10% dos lares brasileiros entrevistados havia algum dispositivo que transmite e recebe dados por meio da internet, como consoles de jogos, smart TVs, ares-condicionados e câmeras de segurança, entre outros. A estimativa para este ano é que os dispositivos domésticos conectados à internet movimentarão cerca de US$ 37 milhões no Brasil.

Já os pagamentos móveis ganharão massa crítica em 2016, superando os 30% de todas as operações financeiras durante o ano. "O crescimento da população 'bancarizada', a base instalada de smartphones habilitados para NFC (Near Fiel Communication) e pagamentos baseados em Digital Wallet fomentarão o mercado de pagamento móvel", explica João Paulo Bruder, coordenador de pesquisas do mercado de telecom da IDC Brasil.

No segmento de telecom, o mercado total de serviços business fechará 2016 com uma queda de 0,5% na comparação com 2015. O crescimento nos serviços de dados e data center não serão suficientes para compensar as perdas dos serviços de voz fixa e móvel. Segundo Bruder, o ano de 2015 foi o primeiro da série histórica com queda nas assinaturas móveis em operação, mas, por outro lado, a participação do pós-pago seguiu aumentando ano a ano e atingiu recorde no ano passado. "A evolução do ecossistema de mobilidade trará uma mudança na distribuição da receita das operadoras, com dados móveis superando voz até 2018. Isso implica em mudanças nos investimentos em infraestrutura de redes, que deverão focar na transmissão de dados sobre 3G e LTE Advanced (4G), e mudanças na estratégia de marketing", comenta o executivo.

Quando se fala em mobilidade corporativa, a palavra de ordem em 2016 é segurança. Várias empresas têm adotado soluções móveis para aumentar a eficiência de equipes de campo, equipes de atendimento e colaboradores remotos. Mas se a maior disponibilidade de aplicações de negócios acentuou o interesse por soluções móveis, o aumento de dispositivos com acesso às funcionalidades de negócio também exigirá maior controle por parte das empresas. "Neste ano, cerca de 50% das companhias restringirão o BYOD (Bring Your Own Device ou 'traga seu próprio dispositivo') e mais de 70% delas terão algum tipo de controle associado à mobilidade", comenta Luciano Ramos, coordenador de pesquisa de software da IDC Brasil, que prevê um incremento da preferência por dispositivos providos pela própria empresa.

Avanço das clouds públicas e privadas

Cloud computing continuará crescendo. A porta de entrada para este mundo ainda serão os serviços IaaS (Infrastructure as a Service ou "infraestrutura como serviço") em nuvem pública, enquanto PaaS (plataforma como serviço) e SaaS (software como serviço) terão o foco em cargas de trabalho que serão consideradas "corriqueiras"  ou de uso geral. A expectativa é de um crescimento de 20% nos serviços de cloud público ao ano, até o final da década.

Clouds privadas devem ganhar em organizações que optarem por investir internamente, buscando tecnologias que agilizem a disponibilidade do ambiente, e soluções convergentes continuarão despertando mais interesse entre os gestores de infraestrutura.

Mais uma vez, a segurança aparece como fator importante e será um elemento ao mesmo tempo motivador e inibidor para a terceirização dos serviços de TI ou de migração para cloud.

"O avanço de tecnologias da 3ª Plataforma, como cloud, mobilidade e IoT exige uma evolução do tema de segurança nas empresas. A participação do orçamento de segurança avançará ao menos 2 pontos percentuais no orçamento de TI e representa um desafio para os gestores", afirma Ramos. Além disso, questões de governança entram na pauta de discussões dividindo a atenção com tópicos como acesso e conectividade.

Conseguir diferenciais competitivos e resultados de curto prazo para driblar os efeitos da crise na economia devem impulsionar projetos de big data/analytics, dando continuidade a uma tendência já apontada em 2015. A previsão é de que este mercado movimente US$ 811 milhões no Brasil em 2016. A proximidade entre as áreas de TI e de linhas de negócio tem levado a um melhor entendimento das necessidades das empresas, gerando bons resultados. O movimento tende a se intensificar neste ano, com uma expansão do uso e ampliação a novas áreas de negócios.

No entanto, a escassez de profissionais com capacitação para esses projetos é uma dificuldade. A questão deve começar a se resolver em 2017, quando entrarão no mercado os alunos formados pelas primeiras turmas de instituições de ensino que iniciaram cursos específicos em 2013-2014. Por outro lado, muitos fabricantes têm "embarcado" recursos de analytics em suas soluções, trazendo benefícios imediatos e pré-formatados para simplificar a adoção e utilização.

Finalmente, a IDC indica maior interesse por projetos social business e customer experience por parte das empresas que buscam destacar-se da concorrência no cenário econômico adverso. Até agora, as iniciativas em mídias sociais tinham como objetivo gerar awareness, colaboração e geração de demanda, mas não atraíam tanta receita. Agora, as empresas devem potencializar seus canais sociais, combinados com big data e analytics e mobilidade, para trabalhar com recomendações mais assertivas, análise e previsão de demanda, melhoria na experiência com dispositivos móveis, detecção precoce de problemas e atendimento com maior suporte para respostas e avaliação de sentimento. A IDC Brasil prevê que uma em cada quatro empresas brasileiras iniciarão novos projetos voltados para social em 2016.

Previsões para América Latina

Depois de um 2015 economicamente difícil, é esperada uma ligeira recuperação na maioria dos países da região em 2016. Serão investidos US$ 130 bilhões em TI e US$ 213 bilhões em serviços de telecomunicações, um crescimento de 3,3%, em dólares, frente a 2015.

Os investimentos em serviços de nuvem pública e privada hospedada remotamente terão aumento de 40%, chegando a US$ 3,6 bilhões nos países da América Latina.

O mercado de IoT na região crescerá de US$ 7,7 bilhões, em 2014, para US$ 15,6 bilhões até 2020. Atualmente, 59% das empresas estão avaliando iniciativas de IoT para 2016.

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