Estamos cada vez mais dependentes da tecnologia móvel e da internet e grande parte de nossos softwares e dados estão na nuvem. A questão sobre o que acontece quando não temos acesso à internet tem sido subestimada, mas acredito que a tecnologia já avançou para um nível de sofisticação que faz com que o acesso off-line seja mais que apenas algo "bom de se ter".
Evangelistas de tecnologia de nuvem gostam de argumentar que logo viveremos em um mundo de computação thin client (cliente magro), em que os dispositivos serão apenas janelas através das quais olhamos para os dados mantidos em um servidor e que a computação local jamais poderá fornecer os recursos da nuvem. A nuvem é algo muito promissor, mas há um problema com a exibição dos dados somente em nuvem: o que acontece quando você não tem acesso à internet?
Muitos futuristas zombam deste argumento, insistindo que o aumento da cobertura dos serviços de dados móveis e dos hotspots Wi-Fi públicos significa que existem muito poucos lugares que não oferecem acesso à rede. É neste ponto que acredito que exista uma lacuna entre o otimismo e a realidade. A maneira mais óbvia de lidar com este desafio é adotar padrões de transferência de dados inteligentes que aproveitem os recursos da nuvem, mas não impeçam a experiência do usuário.
Desafios do off-line
Isso não quer dizer que o fornecimento de acesso off-line seja fácil, apesar de estar animado com o fato de que a empresa para a qual trabalho apoie capacidade off-line de nossa plataforma móvel. Estou ciente de que há muitos desafios a se pensar quando você considera fornecer acesso off-line a aplicativos.
O maior desafio é a segurança — em particular, quais dados são armazenados no cliente, e como eles podem ser comprometidos. A segurança da rede e do servidor ou aplicativo web são menos importantes aqui, porque embora eles apresentem desafios, estes são quase os mesmos que em uma situação só de nuvem.
Outra questão é a forma de gerir os padrões off-line, uma vez que existem várias opções, como identificar qual delas melhor se adapta às necessidades do usuário? Isto é importante porque determina como os usuários afetam a cópia on-line quando as atualizações são feitas.
A questão da simultaneidade também deve ser levada em conta para determinar o que fazer em caso de um problema de sincronismo, como quando um segundo usuário tenta acessar os mesmos dados. Vários padrões de concorrência são difundidos e cada um é otimizado para um cenário de negócios e problema específicos, entre eles os de bloqueio, que são muito eficazes, mas, às vezes é necessário o uso de formas mais sutis e complexas de controle.
Outro desafio importante é construir uma aplicação da web que funcione off-line em primeiro lugar, e usar metadados para identificar os vários elementos que estão disponíveis off-line permite que o registro on-line seja atualizado com mais facilidade, pela simples comparação dos metadados nas cópias on-line e off-line.
A solução aqui é utilizar uma plataforma de desenvolvimento de aplicativos móveis, que é construída para lidar com metadados, funciona em todas as plataformas e lida com a codificação para você, e que tem suporte off-line embutido.
Por que o acesso off-line é um divisor de águas? Acredito que oferecer acesso off-line para aplicativos web é um divisor de águas porque permite que os usuários de cada tipo de negócio podem contar com um aplicativo sem a preocupação de que uma falha de rede ou falta de conectividade faça com que perca seu trabalho ou não consigam mais acessar dados críticos.
Acesso off-line não significa não ter pleno acesso a uma rede, mas poderia ser mais sutil. Um usuário em 3G — e muito menos 2G — pode não querer gastar seu plano de dados fazendo download de dados de um grande item, como um catálogo, portanto, neste caso, o usuário pode muito bem preferir uma versão off-line.
Com mais usuários móveis em vários horários de trabalho não há garantia de que o usuário terá acesso ao sistema central ao completar partes de um fluxo de trabalho. Portanto, ter acesso off-line pode permitir que ele continue com uma cópia da informação em cache e o fluxo de trabalho final pode ser atualizado automaticamente mais tarde.
O acesso off-line aos sistemas pode significar que os usuários possam completar suas tarefas quando é conveniente, sem se preocupar com a conectividade.
O acesso off-line é especialmente útil para os profissionais de vendas, por exemplo, que precisam ser capazes de procurar informações, como listas de preços, propostas anteriores e créditos em trânsito. Eles podem, junto com o cliente, utilizar com segurança uma cópia em cache quando não conseguirem obter acesso à rede, e podem precisar inserir novos dados no sistema, principalmente quando se trata de um novo pedido.
Finalmente, no mundo do consumidor B2C o acesso off-line está tornando, cada vez mais, um recurso muito procurado: os consumidores querem ter dados na hora, onde estão e da forma mais fácil possível. Afinal de contas, estamos vivendo no futuro e esperamos que a nossa tecnologia seja mágica. Os aplicativos de consumo mais críticos para acesso off-line são aqueles relacionados a viagens e vendas; estamos fazendo mais uso de nossos smartphones como um cartão de embarque, ingresso de cinema e a reserva do hotel, para não mencionar o mapa local.
Todos estes recursos são muito essenciais para correr o risco de não ter acesso em razão da fraca cobertura, de modo que o consumidor valorizará demais a importância de ter estas informações em todos os lugares. É por isso que eu acredito que proporcionar o acesso off-line é um divisor de águas: ele nos leva a um passo mais próximo de um futuro com conexão verdadeiramente móvel.
* David Akka é CEO da Magic Software UK.