Como a atração e retenção de talentos em cibersegurança estão moldando o futuro da proteção digital

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Com o avanço contínuo da transformação digital e a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos, a cibersegurança tornou-se uma prioridade estratégica para empresas de todos os setores. Entretanto, a escassez de profissionais qualificados na área permanece um desafio significativo e, para suprir a demanda, é crucial identificar as principais habilidades técnicas e comportamentais necessárias, bem como as melhores estratégias para reter esses talentos altamente disputados.

Não por acaso, o Guia Salarial da Robert Ralf 2025 aponta o setor de cibersegurança bastante aquecido, com a procura por profissionais deste setor destacada entre as maiores no mercado de tecnologia. Além disso, segundo a pesquisa Global Digital Trust Insights 2024, da PwC, mais de 40% dos líderes empresariais e de tecnologia alegam ainda não compreender os riscos cibernéticos associados a tecnologias como a IA generativa.

A importância das habilidades comportamentais no mercado de segurança cibernética

O mercado de cibersegurança exige diversos conhecimentos técnicos, como habilidades de engenharia reversa e análise de malware, ou a capacidade de utilizar ferramentas de gerenciamento de eventos e informações de segurança (SIEM). Da mesma forma, as habilidades comportamentais não podem ser deixadas de lado nesse setor, onde técnica e soft skills andam juntas, ao meu ver. Durante a minha trajetória profissional nesse mercado já pude identificar muitas transformações, e entre elas, está a necessidade cada vez maior de talentos que trabalhem com um propósito maior. Abaixo, listo algumas habilidades comportamentais que acredito serem altamente valorizadas e buscadas pelas empresas do setor atualmente:

  • Capacidade de adaptação e aprendizado contínuo: dada a natureza dinâmica das ameaças cibernéticas, os profissionais da área devem estar atualizados sobre as últimas tendências e tecnologias, investindo em aprendizado contínuo e certificações relevantes.

  • Comunicação e colaboração: a cibersegurança é uma responsabilidade compartilhada que envolve várias partes da organização. Profissionais devem ser capazes de colaborar com outras equipes e comunicar riscos para públicos não técnicos, desenvolvendo uma cultura de segurança.

  • Desenvolvimento do pensamento crítico: ter a habilidade de analisar situações complexas e desenvolver soluções eficazes é essencial para enfrentar desafios de segurança.

  • Ética e responsabilidade: saber lidar com informações sensíveis e muitas vezes sigilosas, exige um alto padrão ético do profissional, bem como um forte senso de responsabilidade.

Da mesma forma que as empresas procuram por profissionais qualificados, da parte das organizações, são necessários investimentos em programas de retenção, treinamentos, incentivo ao desenvolvimento dos profissionais, entre outras medidas. Percebo que as empresas do setor, precisam,  mais do que nunca,  implementar estratégias inovadoras para atrair e reter funcionários que brilham. O segredo é oferecer um equilíbrio entre desenvolvimento técnico, crescimento pessoal e reconhecimento constante. Nesse sentido, as organizações podem implementar ações como:

  • Salário competitivo e benefícios construtivos: é essencial oferecer pacotes atrativos de remuneração e benefícios, mas é fundamental oferecer mais do que apenas um bom salário, com a construção de um ambiente profissional que favoreça o crescimento, a valorização e o propósito no trabalho. O segredo é promover o desenvolvimento contínuo, que envolve não apenas a capacitação técnica, mas também iniciativas focadas no bem-estar dos funcionários.

  • Cultura organizacional : a cultura é a base de tudo. Para incentivar a inovação e a autonomia, é preciso criar um ambiente onde errar faz parte do processo, desde que se aprenda com as falhas. Mostrar que todos os colaboradores têm voz e incentivá-los a se posicionarem, a trazerem ideias, é a mais pura forma de valorizá-los e incentivá-los a se desenvolverem. 

  • Capacitações e mentorias: usar plataformas que ajustam os conteúdos com base no perfil e nas necessidades individuais dos profissionais garante que cada um receba o que realmente precisa. Além disso,  conectar profissionais experientes com novos talentos promove uma troca rica de conhecimento, que não só acelera o desenvolvimento técnico, mas também fortalece a cultura de colaboração.

  • Soft skills: em áreas técnicas, investir em habilidades interpessoais tem sido um diferencial. Programas focados em liderança e comunicação tornam os profissionais mais preparados para assumir cargos estratégicos.

  • Desafios práticos: incentivar a participação em projetos complexos mantém os profissionais motivados e engajados, além de gerar inovação direta para a empresa. Na Asper, por exemplo, organizamos competições que simulam cenários reais de segurança cibernética. Isso não só atrai talentos, mas também funciona como uma vitrine para a inovação dentro da empresa.

  • Impacto social: apoiar iniciativas que levem conhecimento sobre segurança digital para comunidades com menos acesso é uma forma poderosa para atrair talentos com um propósito.

  • Cultura de inovação: criar espaços onde os colaboradores possam testar ideias e experimentar novas soluções mantém a motivação alta e reforça a percepção de uma empresa aberta à criatividade.

  • Eventos e comunidades técnicas: patrocinar conferências e meetups fortalece o networking e o posicionamento da marca empregadora.

A escassez de talentos em cibersegurança é um desafio global que exige ações estratégicas por parte das empresas, passando por uma combinação de investimentos em capacitação, cultura organizacional forte e reconhecimento. Com uma abordagem estruturada, é possível fortalecer a segurança digital e garantir que as organizações estejam preparadas para enfrentar as ameaças do futuro.

João Saud,  Co-CEO da Asper,

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