Governo e Idec divergem sobre regime do serviço de banda larga

0

Representantes do governo e dos consumidores divergiram durante audiência pública realizada na quarta-feira, 27, na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados que debateu o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), sobre o regime de prestação do serviço. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a banda larga deve ser um serviço prestado em regime público, o que possibilita ao governo impor às prestadoras obrigações de universalização e de continuidade, além do controle das tarifas. Para o governo, porém, a melhor forma de garantir a ampliação do acesso é aumentar a competitividade do mercado.
A advogada do Idec Veridiana Alimonti afirmou que o PNBL tem "graves insuficiências" por não alterar o regime de prestação do serviço. Hoje o regime é privado, com liberdade das prestadoras para estabelecer seu preço. A Lei Geral de Telecomunicações (LGT – Lei 9.472/97) prevê que os serviços de telecomunicações considerados essenciais pelo governo serão prestados em regime público, sujeitos a deveres de universalização. Segundo a LGT, cabe ao Poder Executivo, por meio de decreto, "instituir ou eliminar a prestação de modalidade de serviço no regime público".
O presidente da empresa pública Telebras, Rogério Santanna, defendeu que os serviços continuem a serem prestados em regime privado. Segundo ele, no Brasil hoje o número de acessos em serviço na telefonia fixa – o único serviço de telecomunicações prestado em regime público – é menor do que o número de acessos na telefonia móvel, que é prestado em regime privado. "A questão central não é o regime de prestação do serviço, mas a competitividade no setor", destacou.
Santanna disse que a competição no setor de banda larga será ampliada a partir da oferta da rede da Telebras para uso dos pequenos provedores de internet, que atualmente disputam apenas 9% do mercado. "Hoje cinco empresas dominam o mercado de banda larga no Brasil, sendo que três detêm mais de 80% do mercado", informou. De acordo com o programa do governo, a Telebras não deverá ofertar o serviço diretamente ao consumidor, mas ofertará suas redes no atacado para os pequenos provedores.
Infraestrutura de rede
O secretário das Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Nelson Fujimoto, disse, na audiência, que a prioridade do programa é disponibilizar a infraestrutura de rede nos locais onde hoje ela não existe. Conforme o secretário, a ideia do governo é, em um primeiro momento, apenas massificar o serviço (ou seja ampliar o acesso a ele) e não universalizá-lo (torná-lo acessível a toda a população), levando em conta que a cobertura atual da banda larga é muito baixa.
A meta do programa é oferecer o serviço em 35 milhões de domicílios até 2014, a R$ 35. Se for concretizada a redução tributária para o setor – em fase de negociação com os governos estaduais – pode ser oferecida banda larga a R$ 15, em 39,8 milhões de domicílios. Em 2010, o número de conexões era de 11 milhões de domicílios, e o preço médio, de R$ 70. O foco inicial do plano é o investimento na infraestrutura e, em seguida, em aplicações como serviços de governo eletrônico. Em um terceiro momento, o governo deverá investir em conteúdos digitais.
Fujimoto também destacou a necessidade de aprovação, pelos deputados, da Medida Provisória (MP) 517/00, que prevê a desoneração de modems, para a implementação do programa.
Serviço essencial
Para o deputado Weliton Prado (PT-MG), que sugeriu a audiência, está claro que a internet de banda larga é um serviço essencial para a população. "Não se faz a inclusão social hoje sem se fazer a inclusão digital. O serviço tem que caber no bolso do consumidor."
Já a deputada Ana Arraes (PSB-PE) destacou que a concorrência não regula o preço. "A mão do Estado é importante mesmo para o serviço prestado em regime privado", disse. A deputada afirmou que é preciso que o governo tenha cuidado para que "a implementação da banda larga não seja um desastre, como foi a implantação da telefonia celular no Brasil".
Segundo ela, no caso da telefonia celular, as regiões menos populosas e mais carentes foram prejudicadas. "A banda larga não pode chegar só aos locais de muito movimento", ressaltou. O presidente da Telebras informou que uma das prioridades da empresa pública será o atendimento dos estados da Região Norte. As informações são da Agência Brasil.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.