Os novos padrões de comunicação entre redes industriais, a exemplo do 5G e da tecnologia Time Sensitive Network (TSN) e a confiabilidade dos sistemas de automação e controle, podem representar um impulso na automação de processos que, certamente poderão ajudar a colocar o Brasil na trilha certa para atingir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento, sancionado em 2020.
Atualmente, o país ocupa apenas a 112º no ranking de saneamento entre 200 países, de acordo com a última pesquisa do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em parceria com o Instituto Trata Brasil.
Apesar dos recentes avanços, mais de 35 milhões de pessoas continuam sem acesso à água tratada ou a serviços de coleta de esgoto no país. As perspectivas mais otimistas preveem garantir esse atendimento para 99% da população até 2033.
Sistemas de automação e telemetria, como os Controladores Lógico Programáveis (CLPs) integrados a softwares supervisórios (SCADA), com arquitetura redundante, que garante a disponibilidade do sistema e o uso de inversores de frequência para melhor controle de vazão e eficiência energética são alternativas acessíveis que poderiam impulsionar essas metas ao realizar uma gestão da qualidade de maneira remota e um controle da distribuição, mesmo em áreas com grande concentração populacional.
Em 2019, um projeto piloto realizado por uma das maiores companhias de saneamento conseguiu proporcionar uma visão, em tempo real, da medição da água produzida nas estações de tratamento, nível dos reservatórios, funcionamento do bombeamento, divergência entre o volume disponibilizado e consumido e identificação de potenciais vazamentos, por meio da integração do banco de dados historiador com um software de controle SCADA, apoiado por sistemas de automação e telemetria em campo.
A iniciativa trouxe uma melhoria significativa na gestão do abastecimento ainda em vigor, mostrando que, se antes a universalização desse tipo de tecnologia era restrita a projetos de grande escala, com as soluções de automação avançadas voltadas à Indústria 4.0, como os CLPs conectados aos sensores instalados nas estações de tratamento, é possível realizar uma leitura inteligente de dados em curto período de tempo, inclusive em pequena e média escala.
A leitura de variáveis importantes, como, por exemplo, dados de temperatura, níveis de reservatórios, dosagem de elementos químicos, vazão e qualidade da água podem ser feitas à distância por meio da comunicação com redes de fibra óptica e tecnologias avançadas de redes industriais, eliminando a necessidade de leituras humanas, que impedem uma compreensão precisa dos diferentes cenários de distribuição da água.
Enquanto a troca de dados na nuvem ainda não se constitui em uma realidade acessível para todos os setores, devido ainda a dificuldades de implantação e altos custos envolvidos, soluções já amplamente consolidadas, como CLPs, inversores de frequência, Interface Homem-máquina (IHM) e softwares supervisórios garantem uma comunicação rápida e segura a custos reduzidos.
Mais do que apenas coletar as informações, automatizar o sistema de saneamento proporciona uma visão holística das diferentes realidades de gestão e distribuição de água entre as companhias, facilitando a tomada de decisão e a expansão do recurso a quem mais depende dele.
Hélio Sugimura, gerente de Marketing da divisão de automação industrial da Mitsubishi Electric do Brasil.