O Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) venceu uma licitação internacional para desenvolver e implantar em Angola, na África, um Instituto Superior Tecnológico (IST), nos moldes da instituição brasileira. A Guerreiro Teleconsult (GT), empresa do ex-presidente da Anatel, Renato Guerreiro, é parceira do Inatel nessa empreitada. O contrato inicial prevê recursos da ordem de US$ 1,5 milhão de dólares.
O consórcio será responsável pela implantação do IST, uma universidade focada em cursos de graduação em engenharia de telecomunicações e informática. Sediada em Luanda, a instituição formará mão-de-obra qualificada para a reconstrução de toda infra-estrutura do país. Depois de períodos de instabilidade política e guerra civil, de 1961 até 2002, Angola está se esforçando para disseminar serviços de tecnologia da informação e comunicação em todas regiões, principalmente, àquelas mais distantes das capitais.
Em visita ao Inatel no dia 15 deste mês, a vice-ministra dos Correios e Telecomunicações de Angola, Ana Maria Ribeiro Guimarães, acompanhada por sua comitiva, foi enfática ao justificar a opção pelo consórcio brasileiro: ?O histórico de sucesso e a qualidade do Inatel no ensino de tecnologia nos trouxeram até aqui. Temos muita pressa em evoluir nossa educação de nível médio para o superior para formar nossos quadros profissionais e ajudar no desenvolvimento do país?.
O IST entrará em operação no início de 2008. A expectativa, segundo a vice-ministra, é atender mais de 600 alunos. ?Nossos jovens concluem a formação média e vão direto para o mercado de trabalho. Eles ficam a procurar onde continuar estudando?, comentou a vice-ministra, que também prevê a oferta de cursos de atualização para os profissionais do país. Atualmente, o país conta com uma escola de nível técnico profissionalizante, conhecida como Instituto Nacional de Telecomunicações de Angola (Itel). Com a implantação do IST, o país africano terá um sistema de educação continuada semelhante ao modelo encontrado em Santa Rita do Sapucaí, no interior de Minas Gerais, que além do Inatel, também contempla uma escola de nível técnico.
Na parceria para implantar o IST, o Inatel vai contar com a consultoria da Guerreiro Teleconsult (GT), que fará o projeto de viabilidade financeira do projeto e responderá pela gestão do IST. ?Acredito que nosso consórcio se destacou dos outros nove concorrentes pela compreensão e profundidade do trabalho solicitado pelo governo. A Guerreiro e o Inatel, separadamente, haviam desenvolvido outros projetos em Angola, o que nos proporcionou conhecimento claro das carências e demandas do país?, pontuou Renato Guerreiro.
Ao Inatel vai caber o desenvolvimento do projeto pedagógico e a qualificação do corpo docente. ?Vamos transferir conhecimento e internacionalizar o Inatel, ajudando na reconstrução de um país?, explicou o diretor da instituição, professor Wander Wilson Chaves. De acordo com ele, o projeto também vai fortalecer os cursos de pós-graduação do Inatel, com o aumento da demanda por professores qualificados.
Ele acrescentou que a iniciativa poderá abrir portas para as empresas da região, conhecida como Vale da Eletrônica. A referência é proveniente da atuação de 110 empresas das áreas de telecomunicações, informática, automação industrial, equipamentos industriais e prestação de serviços, que empregam cerca de seis mil pessoas. Essa vocação é associada às instituições de ensino locais formadoras de mão-de-obra para esse mercado. Dados do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica estimam em R$ 650 milhões o faturamento anual da região.
A longo prazo, o modelo de empreendedorismo do Vale da Eletrônica também será reproduzido em Angola, fomentando o desenvolvimento local de empresas de base tecnológica. A região de Santa Rita do Sapucaí conta com um sistema de cooperação, formado por instituições de ensino, incubadoras de empresas e empresas, que favorecem a criação de novos negócios e à inovação.