Dados da CAF, empresa especializada em identidade digital, revelam que os jovens são as principais vítimas de fraudes documentais no Brasil. Segundo levantamento feito com base em números do primeiro trimestre de 2024, as pessoas entre 24 e 34 anos concentram 28,75% das ocorrências no período.
Atrás dos jovens na lista, há uma parcela significativa (11,85%) na faixa etária de 60 anos ou mais, seguida pelos estratos de 34 a 39 anos (11,3%) e 39 a 44 anos (11%). Além disso, homens são majoritários entre as vítimas de fraudes documentais, representando 62,32% do total.
Por um critério geodemográfico, a região Sudeste agrupa a maioria dos golpes documentais do país, acumulando 38,87% de todos os registros. O estado de São Paulo é o que teve mais fraudes, com 18,26% das ocorrências, seguido pelo Pará, com 12,83%, Minas Gerais (10,21%), Rio de Janeiro (9,12%) e Pernambuco (5,4%).
Ainda segundo a CAF, em números gerais, o primeiro trimestre de 2024 registrou uma taxa de 0,65% de fraudes documentais no Brasil, o que representa uma queda de 0,08% em comparação ao valor total em 2023 (0,73%). Isto é, ao analisar uma amostra de mil documentos, no mínimo seis são identificados como golpes, segundo o levantamento.
Apesar desta tendência de queda, é importante ressaltar que as fraudes têm evoluído para formas cada vez mais sofisticadas, como apontado pelo CTO da CAF, José Oliveira. Embora os ataques possam ocorrer com menor frequência, eles tendem a ser mais precisos e elaborados, demandando uma vigilância constante e estratégias de defesa mais avançadas.
"Houve de fato uma evolução nas ferramentas de análise, o que se traduz em uma detecção mais eficaz das fraudes e uma notável redução nos falsos negativos", analisa Oliveira. "Contudo, é importante notar que as práticas fraudulentas têm se tornado mais complexas, resultando em uma diminuição na quantidade de ataques, porém com uma precisão ainda maior. Isso reforça a necessidade de adotar um processo de verificação de identidade e prevenção com documentoscopia que torna a apuração mais eficiente".
Em 2024, os documentos físicos mais importantes no Brasil, o Registro Geral (RG) e a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), passaram por grandes mudanças. Enquanto o RG está em processo de substituição pela nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) até 2032, a CNH recebeu novos dispositivos de segurança e teve seu layout reformulado. A CIN se destaca por ser 100% digital.
RGs lideram ranking de fraude
Os RGs lideram amplamente o ranking de fraudes no Brasil, representando 89,65% dos casos de fraudes no segmento, à frente das carteiras de habilitação, com 9,54%. Outros documentos, como CTPS (carteira de trabalho e previdência social), CIE e passaportes, não somam nem 1% do montante.
O levantamento também revela que a maioria dos documentos (31,28%) é reprovada devido a irregularidades na foto principal, seja por não estar em conformidade com os padrões do estado e ano de emissão, ou por apresentar sobreposição de imagens. Outros motivos frequentes são a reprodução de formulário, observada em 17,29% dos casos, e a falsificação de tipografia, presente em 17,06% das situações. No primeiro caso, o formulário de identificação carece dos elementos de segurança exigidos por lei e/ou apresenta uma coloração não padronizada. Já na segunda situação, a fonte utilizada nos dados do documento não está de acordo com os padrões do estado e ano de emissão.
Referência no mercado, a CAF conduziu a pesquisa por meio de dados identificados como fraude na documentoscopia, combinando IA (inteligência artificial) e análise manual de especialistas. Esta abordagem permite comparar o documento em análise com padrões de milhares, rastreando mais de 200 pontos de imagem e identificando possíveis inconsistências.