Em mais uma medida para tentar reverter a crise que atravessa em razão dos suicídios de empregados ocorridos em sua fábrica de Shenzen, na China, a Foxconn, fabricante de equipamentos eletrônicos em regime de terceirização, concordou em ceder o controle dos dormitórios de seus funcionários a duas companhias locais de controle de propriedades comerciais.
Segundo informações do The Wall Street Journal, a Shenzen CPM Property Management e a Kayuan Property Management serão responsáveis pela segurança, alimentação, transporte e toda a infraestrutura dos 153 alojamentos localizados nos arredores da cidade.
No mês passado, 11 funcionários da unidade de Shenzen da Foxconn se suicidaram e chamaram a atenção da indústria mundial de eletrônicos de consumo. HP, Apple, Sony e Dell, clientes da companhia chinesa, anunciaram uma investigação para verificar as condições de trabalho, salários e cargas horárias dos empregados da unidade. A Foxconn havia declarado que a sobrecarga de trabalho acontecia por causa do elevado número de encomendas e os prazos reduzidos estabelecidos pelas multinacionais. Este mês, a Foxconn anunciou aumentos salariais que chegaram a 100%, como forma de tentar conter a onda de suicídios.
A entrega do controle dos alojamentos, segundo o jornal americano, é mais uma tentativa da empresa de se livrar das investigações dos clientes. De acordo com o vice-presidente executivo da Foxconn, Terry Cheng, a medida foi tomada para "prover as necessidades básicas de vida aos nossos empregados, que já eram suficientes, mas isso parece não atender às necessidades dos jovens trabalhadores recém-chegados".
Cheng declarou que os novos trabalhadores exigem condições "para viver na cidade em que trabalham e fazer parte da comunidade local". Em sua visão, para que isso aconteça, governo, empresas e a própria comunidade precisam trabalhar juntas para que os mecanismos de suporte e a estrutura das cidades possam atender os novos empregados que lá chegam.
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