Entre as propostas encaminhadas durante a reunião do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre (CISL) do governo federal, ocorrida na última terça-feira (25/7), em Brasília, está a adoção do formato de documento aberto (ODF, na sigla em inglês) pelo governo brasileiro.
O argumento dos defensores da proposta é que a chamada arquitetura e-Ping, que estabelece os padrões de interoperabilidade de governo eletrônico, já recomenda a utilização do ODF. No entanto, como enfatiza o gerente executivo de software livre da Cobra Tecnologia, Ricardo Bimbo, é preciso normatizar o que é recomendado. ?Prazos e normas são realmente necessários", completa o coordenador de informática do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Paulo Oliveira.
Para o professor de Ciência da Computação da Universidade de Brasília, Pedro Rezende, a proposta da adoção do formato ODF é totalmente pertinente. "O padrão aberto é um pré-requisito para que o SL seja realmente livre em toda a sua inteireza", afirma. "Não defendemos o OpenOffice ou o StarOffice, mas padrões livres para o Estado", declara Ricardo Bimbo.
A efetiva utilização da arquitetura e-Ping também foi tratada como prioritária pelo comitê. Os padrões de interoperabilidade, que preconizam a possibilidade de troca de dados e conteúdos oriundos de sistemas de informação diversificados, foram normatizados no ano passado. "No entanto, apesar de normatizada, a e-Ping não é usada, de fato. Acredito que essa utilização efetiva provocará avanços no software livre", avalia o assessor da diretoria do Serpro, Deivi Kuhn.
Com a decisão do grupo, o próximo passo será a elaboração de uma carta de recomendação à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna. O documento recomendará a utilização efetiva da e-Ping, bem como a adoção do ODF como formato padrão para o governo. A próxima reunião do comitê está prevista para o dia 19 de setembro e acontecerá na Regional Brasília do Serpro.