Inspetores do governo chinês iniciaram nesta segunda-feira, 28, investigações nos escritórios da Microsoft nas cidades de Pequim, Xangai, Cantão e Chengdu, por motivos que ainda não foram esclarecidos, segundo fontes da multinacional americana citadas pelo jornal South China Morning Post.
Em um comunicado enviado à imprensa internacional, a empresa disse que está colaborando com os inspetores chineses. "Nosso objetivo é criar produtos que proporcionam as características, a segurança e a confiabilidade que os clientes esperam", disse a Microsoft. E acrescentou: "Vamos cooperar ativamente com a investigação do departamento do governo e responder a todas as questões".
De acordo com as mesmas fontes, os investigadores da Administração Estatal de Indústria e Comércio da China (AIC, na sigla em inglês) visitaram os escritórios nas quatro cidades chinesas. Joan Li, porta-voz da companhia na China, confirmou ao jornal as investigações, embora também não tenha detalhado os motivos e acrescentou que a empresa "cooperará ativamente" com o governo chinês nas investigações. A AIC atua como órgão de registro de patentes e também é responsável pela fiscalização da lei antitruste do país.
Desde que o ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), Edward Snowden, denunciou o programa de vigilância do governo dos Estados Unidos, a mídia estatal chinesa tem atacado empresas de tecnologia americanas com frequência, acusando-as de colaborarem com a espionagem dos EUA. Agora não foi diferente — ela pediu a Pequim "punição severa aos peões" dos EUA por monitorarem e roubarem segredos da China, segundo o The Wall Street Journal.
As investigações da AIC acontecem dois meses depois de o governo chinês ter anunciado a proibição de uso do sistema operacional Windows 8 em todos os computadores de instituições oficiais do país, por temer falhas de segurança.
Poucas semanas depois, a TV estatal CFTV exibiu um programa no qual vários especialistas sugeriam que o Windows 8 havia sido utilizado para obter informações confidenciais de cidadãos chineses. A emissora também levantou suspeitas sobre a segurança do iPhone, em julho — alegações que a Apple negou.
A Microsoft, assim como outras empresas de tecnologia dos EUA, tem trabalhado para tentar reverter a desconfiança do governo chinês após as revelações Snowden. Ela também tem se esforçado para construir parcerias com empresas chinesas, como o acordo firmado em junho com a empresa de segurança chinesa Oihoo 360 Technology, para cooperar no desenvolvimento de algumas tecnologias. Mas, ao que tudo indica, os resultados não têm sido o esperado.