Quais as habilidades técnicas necessárias para incorporar IA ao seu negócio? Como escolher a melhor plataforma? O desenvolvimento de algoritmos, uso de machine learning, processamento de linguagem natural, poder computacional, gerenciamento de dados, são alguns dos conhecimentos básicos para se criar aplicações de IA. Espera-se para os próximos anos o aperfeiçoamento de muitas aplicações que já estão sendo resolvidas parcialmente, tais como análise de sentimentos; personalização de ensino, robôs domésticos, veículos autônomos etc. enquanto isso a demanda por profissionais na área tem aumentado consideravelmente.
Para Bruno Ramos, Founder & CEO da HartB, ao se falar sobre IA ,deve-se ampliar as considerações que vão além do ramo da tecnologia. "IA, não se restringe a TI, é abrangente e está fundamentada na matemática e estatística. Por isso, o desafio hoje é a educação, a formação com qualidade dos profissionais, abrindo-se o leque de possibilidades para profissionais de outros locais", alertou o executivo.
Conforme Ramos, 400 mil profissionais é o gap estimado até o ano de 2024 para profissionais de IA e que segundo ele o Brasil não vai conseguir formar para atender a demanda nacional. "Disciplinas como engenharia de dados e o idioma inglês podem ser diferenciais mas não são decisórios na escolha pois as empresas acabam por optar por profissionais do mercado internacional, oriundos de grandes empresas ou escolas internacionais. No exterior, as grandes organizações estão usando intensivamente a tecnologia IA para entregar resultados, ao mesmo tempo que preveem uma carência profissional iminente nos próximos dois anos", argumenta o executivo da Hart B.
Ainda conforme salientou, a própria tecnologia passa pelos dois escopos que são: dos resultados entregues com uma tecnologia e diferenciação da IA em relação a estatística tradicional. "Hoje já temos modelos diversos e grandes capacidades de processamento de dados e para mim o desafio será fazer o diferenciamento em relação a 2015 (início do hype da IA no mercado) com o boom da tecnologia 2019. O hype da IA foi usado intensamente para gerar valor aos negócios em geral – e assim ser diferenciado no mercado, no entanto isso gerou um "inferno", pois havia um grande volume de profissionais com projetos gigantes e budgets imensos que ao final da operação não entregaram nada, ao mesmo tempo que as empresas não sabiam como usar, como otimizar seu core business e sem ideia de objetivo claros. Desse cenário pudemos aprender que a tecnologia sem estar aliada a processos de negócios não vai longe, da mesma forma que é preciso primeiro educar para depois implementar projetos. ", assinalou o executivo.
Milton Stiilpen, diretor de Pesquisa e Inovação em Take Blip, acredita que a parceria entre universidades e players, bem como investimentos no mercado nacional serão vitais para o futuro da IA no Brasil, já que para ele temos potencial para reverter o jogo com os talentos que temos. "Ressaltando que investimentos em pesquisa são muito importantes para o desenvolvimento da IA no mercado nacional", disse.
Stiilpen alerta também que a capacitação de longo prazo não é a única solução já que o mercado apresenta oportunidades que não dependem apenas da educação, mas que pode começar a utilizar o conhecimento gerado por parceiros do mercado. "Para mim, um problema recorrente é que grandes empresas baseadas em ciência de dados , não entendem o mapeamento dos problemas como solução e utilizam a tecnologia de AI, apenas como uma ferramenta. Alguns times acreditam que a AI é uma mágica que vai resolver todos os problemas. Há necessidade de entender com clareza sobre os problemas e quais as ferramentas para resolvê-los . E também o potencial grande para o uso das ferramentas de mapeamento de soluções para implementar o crescimento nas empresas", disse o executivo.
Segundo ele, o desafio da AI é entender os negócios e transformar em informação relevante para solucionar problemas de forma concreta. "É preciso trazer o ferramental adequado para os negócios, testar rapidamente e dessa forma ter o feedback necessário", disse.
No caso da preparação dos profissionais o executivo alerta que os cuidados com os dados também precisam de profissionais experts para que haja o desenvolvimento de soluções que atendam aos cuidados com privacidade e todos os tipos de viés que a manipulação deles acarreta para as organizações.
Alexandre Del Rey, fundador da I2AI e conselheiro da Rede de Inovação de IA e do Movimento Brasil 6.0, o gap de formação de profissionais de IA pela deficiência do conhecimento nos estágios de desenvolvimento da matemática. "Deve haver clareza para o uso da tecnologia para trazer benefícios práticos para as empresas, muitas vezes as expectativas são frustradas e culpam a ferramentas enquanto que o fundamental é o pessoal capacitado tanto para o desenvolvimento de ferramentas quanto para identificar e gerar modelos que venham a atender as características daquele mercado target e dessa forma gerar mais resultados", reforçou.
Conforme o executivo, "a IA tem um lado muito bom ao ser transversal, versátil e com grande potencial na geração de valor, mas também possui um lado ruim pois depende de outras tecnologias como a estruturação de dados e com dados ruins não geram aprendizado para o machine learning, por exemplo, são lixo que acabam gerando uma estupidez artificial ao invés de inteligência artificial, o que é muito pernicioso aos negócios. A IA pode ser um trunfo e criar um algoritmo que leva a uma solução inovadora , a criação de modelos preditivos e matemáticos que representam ganhos imensuráveis para as empresas que vão além dos lucros imediatos", reiterou.
"Vejo que as empresas estão alcançando a maturidade da tecnologia em muitos momentos. Uma coisa é usar uma aplicação com IA e outra como criar uma solução a partir disso e é neste aspecto que é possível se discutir sobre soluções e processos melhores, com trocas e aprendizados. O importante é para saber o que se quer, saber demandar para ter bons resultados e espera-se que no futuro a própria tecnologia venha a resolver gaps e construir soluções e poder avançar no uso e fomento da AI", resumiu.