A coleta e a organização de dados permitem a obtenção de insights importantes e cruzamento de informações sobre questões variadas, visando gerar relatórios estatísticos e dashboards. Esta é uma das funções do Big Data, além de atuar como uma ferramenta de concentração de dados, evoluindo para um mecanismo estratégico de análise com inteligência aplicada aos negócios.
Nem todos sabem que o Big Data pode contribuir para a segurança viária. A premissa da segurança no trânsito é identificar, de forma preditiva, fatores de risco presentes. Mas para que essa compreensão seja possível, é fundamental entender como o indivíduo se comporta ao dirigir, os problemas das ruas, da sinalização, trânsito, condições climáticas e diversos fatores que contribuem para causar acidentes.
Um estudo feito pelo Observatório Nacional de Trânsito pesquisou os principais fatores causadores de acidentes de trânsito, derivados de três fatores: humano, veicular e vias. Excesso de velocidade, uso do celular ao volante e falta de uso do cinto de segurança, são alguns dos exemplos de comportamentos de risco ao volante. Segundo os dados do Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), só no ano de 2021, quase 250 mil descumprimentos das regras em vigor foram registrados por uso de celular.
O Big Data usa a enorme quantidade de dados gerados por vários tipos de dispositivos como exemplo as câmeras espalhadas em ruas e rodovias que monitoram as placas dos veículos de determinado Estado ou cidade – as quais geram informações valiosas que alimentam a plataforma. Com essas informações é possível trabalhar políticas públicas de reeducação de trânsito, como dados de motoristas que estão fumando, que não utilizam cinto de segurança ou falam ao celular.
Com essa ferramenta trabalhando a favor do tráfego, o objetivo é reunir as informações dispostas na nuvem e fazer a análise de cada via ou região. Com a identificação dos pontos críticos para ocorrência de possíveis acidentes e a geração de relatórios, as autoridades têm mais condições de tomar decisões de forma rápida e precisa. Inclusive para criar uma malha viária eficiente ou melhorar a conservação das vias.
Ao analisar o comportamento de motoristas, também é possível identificar problemas como semáforos mal posicionados, placas de sinalização encobertas, pistas deterioradas ou demasiadamente estreitas. Diante das informações analíticas, o poder público teria base de informação para incluir mais câmeras de vigilância nos semáforos, que registram infratores que avançam o farol; planejar a vegetação nas proximidades, evitando que a sinalização fique coberta; e ainda cuidar das condições de pavimentação, minimizando derrapagens e acidentes.
Outro benefício é viabilizar a realização da Pesquisa de Origem e Destino para saber de onde os veículos vêm e para onde vão, viabilizando a execução de um planejamento viário adequado e responder às perguntas necessárias para se construir vias adicionais, aumentar segurança no local e aliviar os trechos e horários com maior movimento.
Enfim, identificar os espaços críticos e saná-los é pensar na saúde de todos os envolvidos no trânsito: cidadãos, órgãos públicos e autoridades. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1,35 milhão de pessoas morrem todos os anos vítimas de acidentes de trânsito. Essa é a principal causa de morte para a população entre 5 e 29 anos. Com a adoção da segurança viária preditiva, fica mais fácil agir antes dos acidentes acontecerem. Portanto, é fundamental encarar a tecnologia como fator preponderante de apoio à segurança da população.
Lucas Kubaski, diretor de soluções da Dahua Technology.