Um estudo recente encomendado à IDC pela HP para saber sobre as oportunidades de investimentos no Brasil em relação aos demais países emergentes que compõem o chamado Bric (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), tendo em vista o aumento dos investimentos na operação local, revelou que embora não seja o país que apresenta os maiores índices de crescimento da economia dentro do Bric, há uma série de fatores que constituem um cenário extremamente positivo para investimentos.
Para ilustrar esse cenário, a IDC lembra que o chamado risco Brasil (índice que mede o grau de incerteza da economia nacional para os investidores estrangeiros) está em queda vertiginosa há cinco anos e que o país já conquistou a classificação de "investment grade" junto a duas agências de avaliação. Nesta área, o estudo diz:
No cenário político, o Brasil possui um nível de estabilidade considerado melhor que o de países como China e Índia, pois apresenta remotas possibilidades de golpes e ações de terrorismo político, bem como relações internacionais diversificadas e saudáveis;
Os brasileiros também contam com mais liberdade econômica que os demais países do Bric. Composto por indicadores ligados ao grau de liberdade financeira, monetária, trabalhista, dentre outros, o nível de liberdade econômica no país indica que aqui há mais transparência e menos interferência por parte do governo na economia como um todo;
Sob o ponto de vista do desenvolvimento humano (composto por níveis educacionais e culturais e expectativa de vida, entre outros), o Brasil também se encontra melhor que China e Índia. Esse fator indica que temos um mercado consumidor mais desenvolvido que os demais países – conclusão reforçada pelos índices de aumento de empregos e de envelhecimento da população;
O mercado de capitais brasileiro é um dos mais sofisticados dentre os países do Bric, tendo seu nível de atividade aumentado exponencialmente nos últimos cinco anos. As empresas estão cientes que precisam aumentar seus investimentos e diminuir seus custos de financiamento, e os cidadãos brasileiros, de forma geral, estão buscando investir muito mais na Bolsa atualmente.
No que diz respeito ao setor de TI, o mercado brasileiro, dentre os países que formam o Bric, só perde para o chinês no ranking mundial de investimentos em tecnologia. Enquanto a China ocupa o sexto lugar, Brasil está em décimo segundo. Mas quando se comparam esses mesmos investimentos com o PIB de ambos os países, o Brasil é o único dos emergentes que está com seus gastos com TI numa média acima de 2% do PIB.
Além disso, a estimativa aponta uma taxa de crescimento do mercado brasileiro de TI três vezes maior que a do PIB nos próximos quatro anos. Nos outros países do Bric, este índice será menor. "A indústria de TI já apresenta a peculiaridade de crescer de forma mais rápida que os demais segmentos. No Brasil, esse crescimento é ainda mais rápido, revelando a importância relativa da indústria para a economia como um todo", explica Roberto Gutierrez, responsável pelo projeto e pela área de consultoria da IDC Brasil.
O Brasil também possui o maior nível de maturidade em relação aos seus investimentos em TI que a China, Índia e Rússia. O índice local de compras em software e serviços é de 56% do total de investimentos. Já nos outros países este percentual não ultrapassa 40%, ou seja, a maioria de seus gastos ainda se concentra na infra-estrutura de hardware. "Este é um ponto crucial do estudo, pois indica que o mercado brasileiro tem mais oportunidades para os fornecedores de TI focarem nas vendas de soluções mais sofisticadas, com maior valor agregado. Além disso, fala-se muito da Índia como um pólo de serviços, mas o total do mercado de serviços de TI no Brasil é quase o dobro do indiano", analisa Gutierrez.
Outro ponto forte do mercado brasileiro é diversificação estimada dos investimentos. Hoje, as grandes empresas são responsáveis pela maioria do total investido em tecnologia no Brasil. A previsão da IDC aponta, entretanto, que nos próximos cinco anos essa concentração de investimentos será atenuada, em função de um aumento da participação das pequenas e médias empresas no total de investimentos em TI. Para Gutierrez, essa diversificação mostra a saúde do mercado, uma vez que o chamado SMB (small and medium business) é dos mais importantes impulsionadores da economia de um país.
O Brasil também é o campeão no crescimento do consumo doméstico em tecnologia e há dois anos experimenta uma explosão nas vendas de computadores e impressoras, com o varejo sendo o mais importante canal facilitador para a inclusão digital da população. Desde a década de 1990, o governo brasileiro já apresenta importantes iniciativas relacionadas ao estímulo ao mercado de TI, mostrando seu comprometimento com o desenvolvimento da indústria e com a inclusão digital da população.
Por fim, outro inegável destaque é o mercado financeiro brasileiro, referência mundial na sofisticação e automação de seus processos de TI, como demonstram as iniciativas de internet banking, de implantação de ATMs e do SPB (Sistema de Pagamento Brasileiro), dentre outras ações de destaque global.