As operações feitas por mobile payment – como é chamado o serviço de pagamento por meio do celular – devem ser a maior aposta das administradoras de cartões e instituições financeiras nos próximos anos, segundo um estudo da TNS InterScience, empresa de pesquisa de mercado.
Apresentada por Felipe Menezes, gerente de negócios da companhia, nesta quinta-feira, 28, no Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor, em São Paulo, a pesquisa mostra que o uso do celular como cartão de crédito no lugar do cartão de plástico é um recurso que vem sendo avaliado pelos entrevistados como uma forma segura de pagamento, uma vez que o cartão não aparece na transação, e por consequência impossibilita a sua identificação por outras pessoas.
O principal objetivo da análise foi avaliar o impacto das novas tecnologias de meios de pagamento, como os cartões contactless (sem contato) e o mobile wallet (carteira de pagamento no celular), para mostrar de que forma elas poderiam contribuir para aumentar a participaçãop dos cartões de crédito em relação ao dinheiro.
A pesquisa foi realizada na cidade de São Paulo, com pessoas de 25 a 55 anos, das classes AA, B e C, que possuem cartão de crédito e que se enquadram na categoria classificada como "future shapers" (consumidores informados e ativos que agem como influenciadores).
De acordo com o estudo, os principais limitadores de uso dos cartões de crédito são a associação a gastos de maior valor; a sensação de descontrole financeiro; a falta de praticidade; a necessidade de assinatura e apresentação de documentos, além da segurança (clonagem/saques indevidos) e limitação de aceitação no varejo.
Cartões contactless
Diante dessas barreiras, o estudo detectou que a convergência de novas tecnologias surge como alternativa para a transição do dinheiro para o cartão de plástico. Segundo o levantamento da GTI, realizado pela TNS em 20 países em novembro de 2007, 27% dos usuários de celular têm interesse na utilização de mobile wallet nos próximos 12 meses.
Nos Estados Unidos e Europa, a tecnologia contactless teve adesão expressiva, segundo a pesquisa. Ela permite o pagamento de contas de até US$ 25 com o cartão de crédito e o usuário não precisa entregar o plástico ao vendedor, que se limita a digitar o valor a ser pago e a passar o cartão no aparelho de leitura ótica.
No Brasil, o contacless foi a ferramenta mais bem avaliada pelo público jovem. "Eles acreditam que o sistema pode eliminar o constrangimento de passar um valor menor de crédito", conta Menezes. Mas por não oferecer nenhuma segurança extra (ao contrário dos cartões com chips), o sistema gera desconforto. Embora o cartão não possa ser clonado, existe a possibilidade de qualquer pessoa, além do usuário, poder utilizá-lo.
Uma das conclusões do estudo é que os usuários de cartões com chip no Brasil tendem a ser mais críticos em relação a itens de segurança que garantam a transação financeira. De modo geral, o estudo revela que, entre o público pesquisado — maduro, jovem e possuidores de cartões com e sem chip — há um elevado índice de entendimento sobre a nova tecnologia.
"O estudo detectou que o grau de confiança na segurança do sistema financeiro é maior do que na telefonia celular, ou seja, observou-se um certo desconforto em relação à essa possível dependência", explica o executivo da TNS InterScience.