9 em cada 10 fraudes acontecem em dispositivos móveis, afirma pesquisa

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Nos últimos anos, o Brasil tem visto crescer o número de contatos criminosos feitos por ligação telefônica ou aplicativos de mensagem, principalmente, com o intuito de aplicar golpes financeiros. Mesmo sendo bastante divulgados pela imprensa em geral, o sucesso das fraudes ainda é alto e 20% dos brasileiros foram vítimas nos últimos 12 meses. É o que mostra pesquisa realizada no País pela BioCatch, empresa especialista na detecção de fraudes digitais e prevenção de crimes financeiros por meio de inteligência biométrica comportamental.

O relatório Tendências em Fraudes Digitais no Sistema Financeiro – Brasil, 2024 aponta que 9 em cada 10 fraudes acontecem em dispositivos móveis. A grande maioria delas envolve técnicas de engenharia social, em que criminosos manipulam as vítimas e fazem com que elas revelem senhas ou códigos de segurança, e 82% acontecem em horário útil, entre 9h e 17h. De acordo com a BioCatch, 20% da população brasileira foi vítima de uma fraude financeira no último ano; 40% das pessoas já caíram em algum golpe desse tipo, em algum momento da sua vida. O prejuízo contabilizado é de mais de 2 bilhões de reais.

"O dinheiro extorquido das vítimas desses golpes termina em extensas redes de contas laranjas, pelas quais os criminosos lavam o dinheiro e o utilizam. Este processo complica ainda mais o esforços para rastrear os criminosos", explica Cassiano Cavalcanti, Diretor de Pre-Sales Latam da BioCatch, que reflete sobre a solução: "instituições financeiras no Brasil e em todo o mundo devem fazer mais para encerrar as contas laranja, que são vitais para o sucesso de todos os tipo de fraudes e golpes".

Falsa central é um dos mais comuns

O golpe da falsa central é um dos tipos mais comuns atualmente. Nele, os fraudadores se passam por representantes de bancos, através de centrais telefônicas especialmente criadas para isso, e conseguem enganar as vítimas, que acabam por revelar informações pessoais e financeiras confidenciais, ou realizam transações de valores para contas laranja. De acordo com a pesquisa, os outros dois tipos mais frequentes são, roubo de dispositivos móveis e sequestro de informações por malwares.

Há ainda um outro tipo de golpe que chama a atenção: golpe do amor, ou estelionato romântico. Nele, duas pessoas se envolvem emocionalmente, geralmente em relacionamentos que começam em redes sociais e/ou aplicativos de namoro. O fraudador consegue dados confidenciais da sua vítima e até mesmo recebe transferências legítimas, porém que não aconteceriam se o verdadeiro objetivo fosse claro. Em alguns casos, a pessoa é até mesmo sequestrada e uma grande soma de dinheiro é exigida como resgate. Em São Paulo, as autoridades vincularam 90% dos sequestros a golpes iniciados por meio de aplicativos de namoro.

Em todos esses golpes e fraudes o prejuízo, até o momento, é totalmente da vítima. O custo emocional da fraude é grande, mas o monetário é o que causa os problemas palpáveis. Para Cavalcante, é preciso que haja um equilíbrio na responsabilidade pelas perdas financeiras decorrentes de tais crimes, que atualmente recaem sobre a vítima. "Vemos a regulamentação em todo o mundo começando a mudar nesse sentido. No Brasil, a Resolução Conjunta nº 6, estabelecida pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), visa aprimorar a comunicação entre as instituições financeiras sobre indícios de fraudes, o que já é um sinal de proteção contra esses crimes", avalia o executivo.

Inovações tecnológicas são ferramentas também para os criminosos

O estudo da BioCatch conclui, ainda, que o Pix, que tanto facilitou as transações para todos os brasileiros, é o método mais utilizado pelos golpistas: em 2022, mais de 70% do total de dinheiro perdido por vítimas de fraudes foi movimentado por tal forma de pagamento instantâneo. "Em transações fraudulentas, observa-se um pico de atividade no dispositivo do titular da conta, seguido por um novo login em um aparelho que nunca foi visto antes. Isso é engenharia social em ação. O golpista manipula a vítima com uma história falsa – mas muito crível –, coagindo-a a acessar o aplicativo de banco digital e compartilhar informações, para que o malfeitor possa realizar transferências", explica Tom Peacock, Diretor de Inteligência Global de Fraudes da BioCatch

O aperfeiçoamento tecnológico, que traz muitos benefícios, também tem sido largamente utilizado pelos fraudadores. Seja para criar roteiros bem estruturados para ligações telefônicas ou para simular vozes, a tecnologia tem sido utilizada também para o mal. Um exemplo foi o ocorrido com Bastian Flores, consultor sênior de análise de fraudes na BioCatch,  que quase caiu em um golpe, ao receber uma ligação telefônica supostamente do banco em que é cliente. O profissional conta que a ligação realmente parecia autêntica e, se ele não trabalhasse com isso, provavelmente teria sido mais uma vítima. "Eu notei alguns sinais e deixei que o golpista continuasse o processo normalmente. Depois de me fazer passar por várias páginas de um site e tentar me confundir, os fraudadores me levaram a uma página que exigia uma senha. Foi aí que desliguei o telefone".

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