A Neovia, que hoje é a única empresa brasileira a operar comercialmente com a tecnologia WiMax, está se preparando para a fase móvel da tecnologia. Segundo Maurício Coutinho, CEO da empresa, que participou de uma das sessões de debate durante o WiMax World, evento que aconteceu esta semana em Chicago, já há o sinal verde dos investidores (entre eles a Intel) para o desenvolvimento do business plan e a busca de financiamento e tecnologias.
Mas o que será o WiMax móvel para a Neovia, que hoje opera basicamente no provimento de acesso fixo em banda larga para empresas e residências? "Não acho que veremos pessoas andando no carro e navegando na internet ao mesmo tempo. A minha visão é que WiMax móvel é uma tecnologia para dar a comodidade da portabilidade do acesso, ou seja, conectividade onde você estiver, como faz o Wi-Fi hoje em pequena escala", disse Coutinho a este noticiário.
A operadora entende que existe uma questão regulatória a ser resolvida em relação à mobilidade. "O fato é que a tecnologia está sendo resolvida e os modelos de negócio também. Agora, a bola está com a Anatel."
Mais faixas
A Neovia também quer mais freqüências para sua operação, hoje com 21 MHz de banda na faixa dos 3,5 GHz. "Entramos na licitação de 3,5 GHz e estamos esperando que ela seja retomada rapidamente. Para nós, o mais importante é que isso se resolva rápido. Tenho pouca preocupação com o fato de se a Telefônica vai ou não poder participar na sua área de concessão, até porque já competimos com ela. Para nós, o pior é a licitação não sair".
A Neovia hoje opera para clientes corporativos e 30 mil usuários residenciais no Estado de São Paulo, mas o foco tem sido o mercado empresarial. "Existe uma demanda muito grande por parte das pequenas e médias e empresas, e por isso estamos priorizando esse mercado, ainda que a geração de caixa do mercado residencial seja muito importante para nós", disse Coutinho durante o debate de que participou. A empresa trabalha com backbone próprio em praticamente todas as cidades em que opera. "Esta é a forma de não repartir as receitas e manter a nossa margem alta."
Segundo levantamento da empresa Maravedis, hoje 57,7% das operações de WiMax do mundo estão focadas no mercado residencial, que geram receita média por usuário (Arpu) de US$ 40,7, ante US$ 145,54 para o usuário comercial. No caso da Neovia, o número bate na Arpu residencial, mas em relação ao serviço corporativo, disse Coutinho, a operação brasileira tem um número quatro vezes maior.
Mobilidade
Já na argentina, a Arpu da Ertach (que oferece serviços de acesso corporativo apenas via WiMax) é de US$ 100, diz Luis Galli, gerente geral da operadora. "O maior problema para a América Latina é que não temos espectro para mobilidade e os reguladores só olham o WiMax como tecnologia fixa", disse.
No México, contudo, o cenário pode começar a mudar. Segundo Reynaldo Bustamante, diretor de administração de espectro da Comisión Federal de Telecomunicaciones, este ano uma resolução deverá permitir a mobilidade nas faixas de 2,3 GHz, 2,5 GHz e 3,5 GHz. Bustamante participou de sessão no WiMax World na quarta, 26.