Uma das possíveis razões do fracasso das redes sociais corporativas é a falta de integração das ferramentas sociais num trabalho conjunto. Portanto, não se trata do conceito semântico de redes sociais, mas da falta de integração delas ao conjunto de aplicações das empresas atreladas ao trabalho cotidiano.
A maioria dos negócios existentes é desempenhada por sistemas existentes que não possuem características provenientes das redes sociais. Muitos sistemas, tais como os de ERP,CRM e HRM simplesmente adicionam camadas sociais em seus produtos, isto não implica que esta incorporação resultará num sistema social corporativo efetivo.
Ao invés de incorporar deve-se integrar as características das redes sociais que irão resultar numa real co-participação. Com os avanços expressivos da tecnologia de informação e com o surgimento da especificação OpenSocial 2,0 as rede sociais passam a gerar uma oportunidade genuína de integração dos departamentos e atividades funcionais nas empresas.
O simples uso de redes sociais as converte em ferramentas esparsas sem nenhuma funcionalidade de negócio nas organizações. Este é certamente o caso em que não se deve investir em redes sociais nas corporações, Todavia se o escopo empresarial for desencadear um potencial inexplorado interno dos funcionários, com foco bastante cognitivo, uma absorção do capital intelectual e o aumento da produção coletiva, então as empresas devem investir seus recursos nas redes sociais.
Para o sucesso das redes sociais, é mister direcionar o forte engajamento e a participação delas em todos os pontos funcionais e críticos dos processos de negócio internos da empresa. O maior fracasso ocorrerá na ausência de um fluxo de integração. Para alcançar esta integração é necessário uma transformação cultural geral na empresa, sendo importante definir uma a estratégia social onipresente na empresa, que seguramente virá a modificar a cultura empresarial, permitindo a integração dos processos de negócio.
O uso de redes social envolve a evolução e participação da esfera tecnológica, mas o mais importante para as corporações, são elas imbuírem-se sem demarcações do negócio fim da empresa. Como resultado desta tentativa de integração com o negócio empresarial, surgem alguns componentes descritos que podem auxiliar na elaboração de um vínculo coeso entre as redes sociais e o fluxo funcional da empresa:
I. Aplicações Sociais – permite encapsular as aplicações existentes de negócio num envelope social que admita a interação entre elas.
II. Encapsulamento Social – é o foco total no negócio, envolver as características das redes sociais de forma que se possa compartilhar as informações internas, produzir notificações sociais e permitir a possibilidade de transferências de dados e/ou informações entre os sistemas existentes.
III. Integração social – é envolvimento das aplicações empresariais, inserindo-as dentro de plataformas sociais de negócio e acrescentando aos sistemas experiências sociais específicas .
O uso dos componentes descritos acima permitirá a empresa:
• Aumentar a Inovação/Produtividade;
• Estipular uma correlação forte entre o empregado certo para a função certa;
• Resolver problemas internos de produtividade.
Aumento da Inovação/Produtividade
Uma forma de direcionar o crescimento organizacional é acelerar a inovação e assegurar que a empresa inove numa velocidade maior do que seus concorrentes. Por exemplo, a Apple tornou-se um grande sucesso nos últimos 3 anos porque eles inovaram muito mais rápido que seu maior concorrente: Microsoft.
Para que esta inovação e produtividade seja alcançada, é necessário reestruturar a maneira com que as organizações trabalham. É observado que mais de 5,3 horas são desperdiçadas por empregados semanalmente devido a processos internos totalmente ou parcialmente ineficientes. Adicionalmente, duas horas são desperdiçadas por empregados diariamente procurando as informações corretas e sujeitos especialistas num determinado assunto dentro da organização.
A maioria das informações internas das empresas está espalhada nos lugares mais diversos, impossibilitando o acesso e uso delas. Na tentativa de uma solução, muitas companhias acabam arquitetando “servidores de Informação” na esperança que o funcionário armazene seu saber e experiências. No entanto, isto só permanece no nível departamental, onde cada departamento possui um próprio recinto para armazenar e disponibilizar a informação. O saldo final acaba sendo a fragmentação da informação corporativa e a frustração dos empregados, já que estes não logram localizar as informações necessárias; eles são obrigados a "reinventar a roda" e recriar o capital intelectual. É neste instante específico que as redes sociais podem ajudar as empresas, estimulando-as a inovação e ao aumento da produtividade devido ao compartilhamento das informações que trafegam de forma rápida, instantânea e principalmente informal.
A correlação entre o empregado certo para a função certa;
Os desafios na capacidade de um diagnóstico intelectual funcional de seus empregados constatado pela maioria das organizações pode vir a bloquear o crescimento destas. É mister assegurar que os empregados certos com as habilidades especificas estejam alocados aos projetos que carecem destes recursos.
Com o objetivo de estabelecer esta forte correlação descrita acima, os departamentos de recursos humanos são obrigados a:
A. Estabelecer e implementar estudos para o desenvolvimento de líderes futuros;
B. Desenvolver habilidades e capacitar a mão de obra funcional;
C. Fomentar conhecimento compartilhando e a colaboração da empresa.
No entanto, incorporar criatividade, agilidade e velocidade, não é uma tarefa simples. Despontam uma série barreiras, tais como:
• Funcional;
• Cultural;
• Geográfica; e outras.
Todas podem vir a restringir a produtividade da equipe e impedir a empresa de executar seu negócio em pleno potencial. Organizações devem superar esses prováveis percalços afim de enfrentar as oportunidades emergentes.
Redes sociais internas(“redes sociais por de trás do firewall “) possuem a potencialidade de ser a solução. É vital que os funcionários passem a “blogar”, participar de uma wilkipéida empresarial, compartilhar arquivos e/ou informações, participar de fóruns de discussão, participar de comunidades, daí seu capital intelectual poderá ser capturado num único local,denominado de “perfil”. Este perfil facilitará a identificação de indivíduos para o trabalho correspondente.
Simultaneamente, os funcionários podem aprender uns com os outros descobrindo temas de interesse, oportunidades de carreira que melhor correspondam aos seus interesses, aprimorar as habilidades e capacidades. A aprendizagem informal é essencial para a capacitação dos funcionários permitindo-os a alcançarem o trabalho almejado. Esta informalidade de transferência de conhecimento entre os funcionários tem extrema correlação com a experiência de Hawthorne realizada em 1927, de Elton Mayo, donde se concluiu que a informação informal é vital para o aumento da produtividade nas empresas.
Resolver problemas existentes
Muitas organizações costumam gerenciar a gestão do conhecimento com controle centralizado tanto no nível gerencial quanto no próprio armazenamento da informação. Unidades de negócios individuais, departamentos ou divisões elaboram independentemente seu próprio caminho de colaboração em torno de documentos e/ou da informação. Isto representa muitas vezes o uso de produtos de tecnologia diferentes que dificultam ou mesmo impedem o acesso ou a conexão com o resto dos sistemas da empresa.
Uma empresa visando uma plataforma de colaboração social poderá solucionar muitos dos problemas mencionados fornecendo a sua força de trabalho as ferramentas necessárias para compor e acompanhar as suas diversas comunidades, compartilhando dados e informações, além de estimular o reuso do capital intelectual. E muitas empresas conseguem ir muito mais adiante disso, elas conseguem inclusive abolir as barreiras entre os funcionários e os clientes.
Não se pode esperar que a simples construção de uma rede social empresarial fará os funcionários usá-la. As redes social corporativas podem anular as barreira internas das empresas, conectar seus funcionários e clientes, compartilhar informação útil de forma precisa, tudo visando o aumento da produtividade empresarial. Todavia isso só será alcançado caso os funcionários acreditarem na filosofia empresarial das redes sociais e as usarem integradas aos sistemas do negócio. Um grande exemplo é a implementação de características do “Facebook”dentro de aplicações de CRM. Todos sabemos que não está na essência do vendedor o acompanhamento atualizado cadastral de seus clientes, contudo a forma com que o “Facebook” o faz facilita e torna a tarefa até meio lúdica, e quem é que não gosta de brincar. Acredito que as rede sociais podem alavancar a sabedoria das pessoas, alavancar o trabalho colaborativo e portanto serem eficazes para as empresas.
Milton Jeronimides, diretor de marketing dfa Intersystems