A França e a Alemanha se comprometeram a investir mais dinheiro público e privado em startups de tecnologia europeias, numa tentativa de reduzir a ampla vantagem dos Estados Unidos, inclusive no que diz respeito ao financiamento a empresas nascentes de tecnologia. Como parte do plano, os bancos de investimento dos governos dos dois países e da União Europeia vão investir 75 milhões de euros (o equivalente a US$ 82,9 milhões) no fundo de capital de risco francês Partech Ventures. O fundo, que investe em startups que queiram expandir seus negócios, deve chegar a 400 milhões de euros no início de 2016, segundo a Partech.
A operadora de telecomunicações francesa Orange e a gigante da publicidade Publicis disseram que estão criando um fundo, no qual planejam injetar 500 milhões de euros, para investir em startups francesas e alemãs. "Em uma economia de inovação, o capital é decisivo. Mais dinheiro deve sempre ser encontrado para garantir um desenvolvimento mais rápido", disse o presidente francês, François Hollande, durante uma conferência em Paris, que contou com a presença de chanceler alemã, Angela Merkel, segundo o The Wall Street Journal.
A iniciativa franco-alemã é um pequeno passo para abordar o que funcionários do governo dizem ser o grande desafio para o crescimento da economia europeia: a fragmentação do capital de risco que prejudica a inovação e a expansão das empresas de tecnologia.
Embora os investimentos europeus de capital de risco em empresas de tecnologia tenham aumentado desde que a crise da dívida soberana na Europa, que eclodiu em 2011, e a recessão, mais startups dizem que ainda não é possível encontrar grandes investimentos para ajudá-las a crescer na Europa. Isso os leva a olhar para o exterior, muitas vezes, os EUA
"Como é que nós não podemos ir direto às fontes de financiamento na Europa?", questionou Philipp Kreibohm, executivo-chefe da a varejista de móveis online Home24, com sede em Berlim, durante um painel de discussão na conferência em Paris sobre o desenvolvimento do setor digital os dois países.
Segutança jurídica
Especialistas europeus dizem que uma série de empresas de capital de risco pequenas e regras diferentes em vários países dão capacidade limitada de financiamento transfronteira, que poderia canalizar a poupança para necessidades de investimento. "O capital de risco quer grandes mercados e segurança jurídica em toda a Europa, e não apenas uma série de requisitos e obrigações", disse Andrus Ansip, vice-presidente da Comissão da União Europeia responsável pela criação de um mercado único digital.
Nos nove primeiros meses deste ano, as empresas europeias de tecnologia levantaram US$ 7,43 bilhões junto a empresas de capital de risco, o que representa um aumento de 17% na comparação com o ano anterior, de acordo com a Dow Jones VentureSource. Mas, nos EUA, esse montante atingiu US$ 39,54 bilhões, um aumento de 39% no mesmo período, diz a VentureSource, que é de propriedade da News Corp, que publica o The Wall Street Journal.
Durante a conferência, os participantes também disseram que irão trabalhar na criação de normas e certificações uniformes para a proteção de dados e segurança de operações de computação em nuvem na Europa. Tais normas poderão ajudar as pequenas empresas a crescem mais rapidamente, enquanto as certificações podem servir como propaganda para startups da Europa, finalizou o vice-ministro francês para os assuntos digitais, Axelle Lemaire.