Com 46 anos de atuação, a Comau, empresa de origem italiana que atua no Brasil desde os anos 90, que faz parte do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), está investindo em soluções voltadas para Indústria 4.0 com a oferta da plataforma in.Grid, que reúne várias funções diferentes, proporcionando a otimização dos processos internos de uma indústria, para reduzir custos e tempo, o que permite que a empresa se mantenha competitiva no mercado.
"Hoje, com os dados em tempo real, conseguimos passar de uma manutenção preventiva para preditiva. As principais tecnologias da plataforma in.Grid são a Internet das Coisas (IoT), que usamos para coletar informações e fazer a comunicação com as máquinas; a Inteligência Artificial, com recursos como a rede neural, para chegarmos às conclusões; e o machine learning", afirma brasileira Carem Rosito Mercio, head de desenvolvimento de produtos digitais da empresa (foto).
A Comau possui unidades que produzem robôs, maquinário industrial, design de produção e, apenas no Brasil, tem unidade de negócios de manutenção de plantas industriais. Tem clientes nos setores automotivo, óleo e gás, alimentos e bebidas, entre outros.
A executiva explica que o in.Grid é uma plataforma inovadora de IoT que combina o universo digital e físico através de detecção em tempo real, análise de dados e monitoramento de equipamentos e sistemas.
"Um dos maiores diferenciais da plataforma é sua capacidade de leitura de informações de diversos maquinários, não apenas de fabricação da Comau. Nossos estudos apontam que o in.Grid reduz em até 25% o custo de manutenção da fábrica e melhora a produtividade da planta em até 5% ao ano. Além disso, a plataforma permite uma queda de até 25% no custo de controle de estoque e em até 35% do período de inatividade do maquinário (downtime). O uso do in.Grid também reduz o time to market em até 25% e o custo de componentes de qualidade inferior em 12%.", acrescenta.
A plataforma tem seus módulos de base, mas é adaptável às necessidades de cada cliente. Usa metodologia Agile de gestão de projetos, que já faz parte do DNA da Comau, motivo pelo qual a plataforma está em constantemente aperfeiçoamento. A in.Grid começou a ser construída há três anos e até estimulou a criação de um novo setor na Comau, dedicado ao desenvolvimento digital: o Digital Initiatives Platform.
Pouco depois, a empresa resolveu criar um time brasileiro e identificar os clientes locais para implantar projetos-pilotos. Hoje já são 70 pessoas no mundo envolvidas no desenvolvimento constante da plataforma. "Em um dos clientes brasileiros, conseguimos aumentar a produção anual em 3 dias, com a utilização do in.Grid", ressalta Carem.
Cibersegurança
Cybersecurity é uma questão relevante na plataforma, "por isso, trabalhamos com o conceito de cybersecurity by design. Desenvolvemos vários protocolos de cybersecurity, com a criptografia das mensagens. Contratamos consultores externos para atacar nosso sistema e testar nossa segurança. Além disso, trabalhamos próximos aos nossos clientes e temos várias configurações de arquitetura possíveis e o cliente pode instalar todo o software "on premise" (dentro de rede local, sem acesso à internet)", diz a executiva.
A Comau também faz parte de alguns grupos de pesquisa industrial na União Europeia, onde cibersegurança é um dos temas centrais.
Tendências
Nos próximos 10 anos o mercado de robótica e automação vai rever processos de produção e otimizá-los. A tendência será fazer coisas de forma mais veloz e mais barata, e rever processos para melhorar a qualidade de vida do operário. "A robótica, nesse contexto industrial, será aplicada cada vez mais, especialmente em países como Brasil, Índia e China. Esses países emergentes vão se beneficiar muito da automatização industrial, pois ainda trabalham com mão de obra barata e pouco qualificada", afirma Carem, acrescentando que "outra tendência é a flexibilização das plantas. Com pequenos ajustes, se poderá alterar a planta para fazer produtos diferentes e mais customizados, porque o mercado exige autenticidade e originalidade. No início dos anos 1800, a produção era customizada, taylor made. Cada produto era único. Com o tempo, o mercado começou a padronizar os produtos. E hoje o mercado está novamente exigindo itens mais autênticos".
Carem diz ainda que uma "das primeiras evoluções que o digital vai trazer para as fabricas é fazer as máquinas falarem. Hoje, elas são surdas e mudas. Assim como nós, humanos, as máquinas vão começar a entender quando não estão bem e informar ao servidor central por que estão mal e de que precisam para melhorar. A Inteligência Artificial fará com que as máquinas se tornem mais assertivas e precisas".
Para ela, a fábrica do futuro será mais amistosa aos trabalhadores, deve usar a tecnologia também para aumentar a qualidade de vida de quem trabalha nesses ambientes estressantes.
"Na Comau, por exemplo, mudamos a cor dos robôs, que costumava ser vermelha (o que inspirava um estado de alerta nas pessoas), para cinza, tornando o ambiente mais agradável ao ser humano. Também desenvolvemos um exoesqueleto para auxiliar o esforço físico e reduzir a fadiga muscular dos operários das fábricas.
Acreditamos na importância do papel do ser humano na fábrica HUMANufacturing por isso nossos últimos lançamentos estão relacionados à interação humana. Os robôs colaborativos já são uma realidade.
A executiva diz que a Inteligência Artificial e os humanos são aliados. "Ela cria outras oportunidades e substitui empregos de baixa qualidade e de baixo valor agregado por outros, que exigem maior qualificação e que proporcionam mais qualidade de vida. O país também precisa estar alinhado para criar novas oportunidades de emprego. A Comau acompanha essas mudanças e tendências. Estamos, por exemplo, procurando data scientists e esses profissionais estão escassos no mercado".
Para ajudar na formação de profissionais qualificados, um dos projetos da Comau Academy, na Itália, é um mestrado industrial em conjunto com uma universidade italiana, com vagas abertas para profissionais do mundo inteiro.